Gerson Camarotti e Demétrio Magnoli, comentaristas da GloboNews, se desentenderam na última segunda-feira (31) durante participação no programa Em Pauta. Os jornalistas do canal de notícias bateram boca no momento em que falavam sobre o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e como será a composição dos ministérios do presidente eleito. A situação ficou tão tensa que o âncora do jornalístico do canal pago da Globo, Marcelo Cosme, precisou interferir na discussão para dar continuidade no assunto.
Ao responder o questionamento do apresentador sobre como Lula irá distribuir os ministérios, Demétrio Magnoli disse que “a obrigação de Lula é governar com sua coligação original”. Na opinião do comentarista, não há regra para que alianças firmadas no segundo turno das eleições, como as de Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede Sustentabilidade), sejam incluídas no decorrer do governo do presidente eleito. “Não há nenhuma regra democrática que diga isso. E se elas entrarem no governo, isso deixa o Brasil numa situação em que exista um governo de todo mundo e uma oposição puramente bolsonarista. Não é muito democrático isso”, disse ele.
Na sequência, Marcelo Cosme quis saber de Gerson Camarotti sobre o mesmo assunto. No entanto, o comentarista pediu que Magnoli explicasse melhor seu ponto de vista. “Você tá se referindo a quem exatamente?”, questionou o jornalista da GloboNews. Demétrio, então, acrescentou que sua fala era sobre Simone Tebet, Ciro Gomes (PDT) e os economistas do Plano Real. “Não me parece que essas pessoas estão contempladas no programa de governa de Lula”, continuou.
Após a explicação de Magnoli, Camarotti explicou que o acordo de Lula com Simone Tebet para o segundo turno foi fechado a partir de pontos pragmáticos, com a inclusão de resoluções do plano de governo da ex-candidata às decisões do novo governo nos próximos anos. “Muito provavelmente o MDB, que teve uma candidata, haverá uma negociação”, disse ele, que ainda citou que a situação é algo típico da política brasileira. Durante a discussão, Demétrio disse que algo tipo da política nacional “é mensalão, petrolão, orçamento secreto”.
“O que eu estava dizendo dessa vez é que as pessoas e os partidos que apoiaram Lula no segundo turno rompessem a tradição de fazer um governo baseado em acordos programáticos. Se eles romperem, o governo pode ter maioria no Congresso, então será uma maioria automática… E nós podemos ter uma clareza política de quem não concorda com o governo está na oposição”, acrescentou. Os comentaristas da GloboNews continuaram discordando sobre como será a composição do governo Lula, a ponto de Marcelo Cosme interromper para dar continuidade a outras pautas do noticioso. “Olha só… Eu preciso discordar um de cada vez. Precisam que sejam breves, porque a Natuza [Nery] está nos esperando”, disse o âncora.
Em seu comentário final, Demétrio Magnoli ainda disse que Gerson Camarotti é quem não sabe que há um programa do governo de Lula, pois o documento está disponível na internet. O comentarista da Globo de Brasília, então, rebateu a acusação do colega. “Não existe um programa de governo. Não foi lançado. A Simone [Tebet] não foi cooptada, se o Lula convidar e ela decidir aceitar. É natural, porque ela é apoiadora desde o segundo turno. Não vejo que ele está cooptando ela. Eu vejo essa situação completamente diferente de você”, concluiu Camarotti.