Ex-âncora da Record em Brasília, a jornalista Lívia Braz confessou em audiência ter cometido injúria racial contra uma colega de trabalho entre os anos de 2019 e 2020. De acordo com inquérito da Polícia Civil do DF (PCDF), que a indiciou em julho deste ano, a ex-apresentadora do DF Record costumava chamar uma profissional negra do canal de televisão de “Patolina”, comparando-a ao personagem de desenho animado da Disney, que é um pato de cor preta. Ela também mencionou em um grupo de aplicativo de mensagens que a colega parecia um “carvão” em uma foto.
Segundo informações reveladas pelo portal Metrópoles, a apresentadora confessou a injúria racial durante uma audiência de acordo de não persecução penal (ANPP) no última quarta-feira (9). Com o acordo fechado, a acusada não será denunciada pelo Ministério Público, mas pagará R$ 30 mil de indenização à vítima. Além disso, a ex-funcionária do canal do bispo Edir Macedo deverá fazer um curso-antirracismo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Em conversa com a publicação, a vítima disse que a confissão de Lívia Braz “foi uma vitória”.
“Eu acho que injúria racial é algo muito grave para simplesmente fazermos um acordo, pois as pessoas vão sair ofendendo as outras sabendo que não tem uma punição maior”, disse a mulher, que não teve a identidade revelada. “Mas, conseguimos uma indenização e ela admitiu o crime, o que para mim já é uma grande vitória. Dinheiro nenhum paga o que passei, não quero dinheiro, mas quero que ela se conscientize”, finaliza a jornalista. Atualmente, a vítima trabalha na Record de São Paulo.
A delegada Scheyla Cristina Costa Santos, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) e responsável por conduzir a investigação, reproduziu depoimentos de que Lívia Braz teria comportamento “muito indigno” no ambiente de trabalho. “Costumava dizer que não gostava de pobre, chegando a dizer que tinha horror a Águas Claras [bairro de Brasília], pois lá só tinha pobre”, registra parte do documento.
“Em outra oportunidade a declarante testemunhou Lívia maltratando uma estagiária, que chegou a chorar. Diante disso, apesar de Lívia nunca ter se referido diretamente à declarante com esse conteúdo que corria pelo WhatsApp. Diz que Lívia costumava falar também mal de pessoas gordas e das roupas das outras pessoas. Atitudes sempre reprováveis de convívio”, afirma outro trecho do inquérito. No documento enviado à Decrin pelo Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do MPDFT, há um print de uma conversa no aplicativo de mensagens em que Lívia teria chamado a colega de “carvão”. Procurada pela publicação, Lívia Braz não retornou os contatos. Atualmente, ela trabalha no Governo do Distrito Federal (GDF), que não quis se manifestar.