Uma equipe da Jovem Pan precisou ser escoltada por soldados para deixar uma manifestação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que pedem um golpe militar. Na última terça-feira (15), os profissionais do grupo de mídia comandado pelo empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, foram hostilizados em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, por cerca de 30 minutos. Os manifestantes golpistas gritavam para que os profissionais da emissora deixassem o local e faziam ameaças.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, que presenciou os ataques, uma parte dos apoiadores de Bolsonaro tentava impedir que os jornalistas fizessem uma participação ao vivo na emissora. Outros, pediam silêncio para que os repórteres falassem. No entanto, eles afirmavam que se os profissionais “mentissem” na televisão iriam “sofrer as consequências”. A Jovem Pan ficou conhecida por ser porta-voz do bolsonarismo e, desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), demitiu vários comentaristas alinhados com o atual governo federal.
Nas manifestações, os apoiadores cobram as Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente eleito. Os atos antidemocráticos foram inflados na terça (15) por causa do feriado nacional tanto em Brasília como em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em Brasília, a principal divergência dos golpistas com a Jovem Pan era por causa do uso da expressão “intervenção militar”. Eles argumentam que os atos em frente aos quartéis não pedem isto, e sim uma intervenção federal. Para os apoiadores, a diferença é que, na intervenção militar, generais assumem o Poder Executivo. Na federal, Bolsonaro continuaria no poder até a realização de novas eleições.
“Deixa o cara fazer a matéria dele. Se ele falar que a gente quer intervenção [militar], a gente entra de novo. Se mentir, não vai trabalhar”, disse um dos manifestantes. No momento em que a equipe da Jovem Pan era hostilizada em Brasília, um dos apoiadores afirmou à Folha que revoluções populares não acontecem sem violência. Na capital federal, os atos têm sido inflados por caminhoneiros bolsonaristas, que foram convocados por empresários do agronegócio para permanecerem na cidade. Segundo eles, todos os custos dos atos têm sido pagos pelos patrões. Em alguns casos, os profissionais são contratados com carteira assinada –seus salários não sofrem alterações mesmo com os dias parados em Brasília.