O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo vai se reunir com a CNN Brasil para apurar se a emissora cometeu irregularidades nas demissões de centenas de jornalistas nesta quinta-feira (1º). A entidade divulgou comunicado em que acusa a empresa de comunicação de não fornecer dados completos sobre os desligamentos e nem o número exato de profissionais atingidos. No dia de caos, a sucursal do Rio de Janeiro foi desmontada, e o corte atingiu apresentadores de São Paulo como Monalisa Perrone, Gloria Vanique e Roberta Russo.
Em nota publicada nas redes sociais, o SJSP afirmou que dezenas de jornalistas perderam seus empregos. De acordo com apuração da reportagem do TV Pop, foram mais de 200 profissionais afetados. A associação também relatou que o canal de notícias não teria atendido de imediato o pedido para reunião de emergência. “Assim, nos dirigimos à sede da emissora para cobrar explicações: como resposta, a CNN não forneceu a quantidade de jornalistas demitidos, mas afirmou genericamente que realizará os pagamentos das rescisões”, diz o texto.
“Teremos uma reunião com a CNN Brasil e iremos apurar se a ação da empresa não se configura como uma demissão em massa –neste caso, a empresa estava obrigada a dar ciência à entidade sindical sobre a intenção de demitir, o que não foi feito. Nesta sexta-feira, o Sindicato organizará uma reunião com os profissionais demitidos para discutir coletivamente a questão e como poderemos agir diante disso”, avisou o sindicato. Apesar das demissões, o contrato de William Waack foi renovado com um generoso aumento salarial, segundo apuração do TV Pop.
Na tentativa de reduzir custos e alcançar o chamado breakeven, o novo presidente executivo, João Camargo, pretende tirar a empresa do vermelho até março de 2023. Para isso, a programação sofrerá mudanças nas próximas semanas com mais espaço para as notícias do momento, com o chamado conteúdo de hard news. Entre os jornalistas de vídeo que foram dispensados da CNN Brasil estão Monalisa Perrone, Gloria Vanique, Sidney Rezende, Kenzô Machida, Heloísa Vilela, Danúbia Braga, Alexandre Borges, Roberta Russo, Isabella Faria, Bruna Ostermann, Anthony Wells, Everton Souza, Bruna Carvalho, Gabrielle Ravasco e Rita Wu.
A CNN Brasil não quis se manifestar sobre as alegações da entidade. Na manhã de quinta (1º), a emissora divulgou o seguinte comunicado para seus colaboradores:
“Prezados Colaboradores,
A CNN Brasil informa que realiza, nesta quinta-feira, dia 1º de dezembro, a reestruturação de suas operações, com dois objetivos principais: fortalecer o DNA do canal, focado em Hard News, e readequar custos, ajustando a empresa ao cenário econômico do país, criando as condições para atingir o equilíbrio financeiro (Breakeven) em 2023 e crescer.
Em linha com a estratégia de fortalecimento do jornalismo, a coordenação da cobertura será concentrada em São Paulo e Brasília, duas praças que ganham relevância dado o contexto político e econômico nacional. Em decorrência dessa nova lógica, a newsroom do Rio de Janeiro será desativada, sem prejuízo à cobertura. As mudanças incluem a readequação de programas, assim como da grade. O selo CNN Soft será remodelado para 2023.
Aos colegas que deixam a empresa, manifestamos o nosso profundo respeito e gratidão. A dedicação e o trabalho de cada um foram fundamentais para a construção e consolidação da CNN Brasil.
Decisões como essas exigem coragem, determinação e visão de futuro. As mudanças irão adequar a empresa ao novo cenário da indústria de mídia e abrirão espaço aos investimentos necessários para seguir entregando o jornalismo independente, relevante e de alta qualidade, marca registrada da CNN. Este é o nosso compromisso com todos os colaboradores, com o mercado e com os milhões de brasileiros que confiam na CNN Brasil para tomar as melhores decisões.”
Leia o comunicado do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo sobre as demissões da CNN Brasil:
Nossa categoria provou por diversas ocasiões o seu papel essencial, exposta a ataques e agressões enquanto realizava o seu trabalho diante de ameaças antidemocráticas.
O “reconhecimento” que recebemos de nossos patrões é o arrocho salarial, a precarização e as demissões.
Neste 1º de dezembro, que marca a data-base da Convenção Coletiva de Trabalho para jornalistas que trabalham nas emissoras de rádio e televisão de São Paulo, sentimos na pele a (pouca) consideração das empresas com o nosso trabalho.
Logo pela manhã, o Sindicato dos Jornalistas recebeu informações de demissões na CNN Brasil: em poucas horas, dezenas de jornalistas que trabalhavam na sede da emissora (localizada na Avenida Paulista, em São Paulo) perderam seus empregos.
De acordo com informações coletadas com diferentes fontes, mais de 100 postos de trabalho foram extintos nas diferentes praças da emissora.
Solicitamos uma reunião de emergência, mas não obtivemos resposta. Assim, nos dirigimos à sede da emissora para cobrar explicações: como resposta, a CNN não forneceu a quantidade de jornalistas demitidos, mas afirmou genericamente que realizará os pagamentos das rescisões.
Teremos uma reunião com a CNN Brasil e iremos apurar se a ação da empresa não se configura como uma demissão em massa –neste caso, a empresa estava obrigada a dar ciência à entidade sindical sobre a intenção de demitir, o que não foi feito.
Nesta sexta-feira, o Sindicato organizará uma reunião com os profissionais demitidos para discutir coletivamente a questão e como poderemos agir diante disso.
Neste mesmo dia 1º também tivemos uma nova rodada de negociações com as empresas de rádio e televisão. Após apresentarmos nossas reivindicações, o sindicato patronal afirmou simplesmente que não teria condições de atender o pedido dos jornalistas apresentado em pauta.
Diante disso, não resta outra alternativa: precisamos nos unir, aumentar nossa organização e lutar. No início da tarde, estivemos na porta da Rede Globo para conversar com os colegas e distribuir nosso panfleto com as informações essenciais da campanha salarial.
Toda solidariedade aos jornalistas da CNN Brasil! A hora de lutar por salários, dignidades e emprego é agora!