Diversos fãs de música, todos os anos, ficam ansiosos por premiações que prometem rechear as prateleiras de seus ídolos depois de um trabalho árduo na criação, lançamento e divulgação de um trabalho. Historicamente, o Grammy é a premiação com maior espera e que, na teoria, deveria representar uma celebração global da música. Na prática, sabemos que os acenos da Academia ainda são muito tímidos e não abraçam tanto os artistas fora dos Estados Unidos.
Por outro lado, temos uma premiação britânica, nos mesmos moldes do Grammy, mas com certa participação popular e que sempre amplia sua visão para premiar artistas que tiveram impacto durante o ano, seja comercial, cultural ou os dois ao mesmo tempo. O Brit Awards aconteceu ontem e é importante analisarmos o histórico da premiação e os vencedores deste ano. Esse é um dos casos em que um prêmio representa muito mais que uma estatueta, mas sim uma previsão de tendências.
Por ser um prêmio realizado na terra da Rainha, é natural que ele privilegie artistas britânicos e inclua artistas estrangeiros em outras categorias, duas para ser mais específico. Artistas que não residem na Inglaterra só tem espaço na cerimônia nas categorias de Artista Masculino e Feminina Internacionais. Uma controvérsia sobre a nacionalidade de Rina Sawayama abriu uma discussão sobre ampliar o acesso de artistas que vivem na Inglaterra e lançam sua carreira no país, mesmo que não tenham nascido em território britânico. O resultado acabou levando Rina à indicação de Estrela em Ascensão esse ano.
O Coldplay é um dos grupos mais conhecidos do mundo, com diversos hits de alcance global, e detém o recorde de indicações e vitórias no Brit Awards como Melhor Grupo. A Inglaterra deu de presente ao mundo diversos grupos musicais de sucesso, que influenciaram a música e continuam influenciando com o passar dos anos. O maior deles, possivelmente, é o Spice Girls, um fenômeno pop criado para rivalizar com as boybands de sucesso no final dos anos 90. Apesar de definitivamente ser um marco para a música, o grupo recebeu apenas uma indicação de Melhor Grupo em todo seu tempo de atividade, que se quer saiu vitorioso.
A história foi feita ontem e o Little Mix, mais uma vez, se tornou detentor de um ineditismo. Além de ter sido o primeiro grupo a ganhar o X Factor, agora é o primeiro grupo feminino a receber o prêmio de Melhor Grupo, mesmo com 10 anos de atividade, com diversos sucessos e relevância o suficiente para que esse prêmio apenas se tornasse acessório, o que torna o significado dele ainda maior para os grupos femininos que construíram um caminho de excelência nas últimas décadas em solo britânico.
Mas o destaque dessa premiação é outro, o que podemos analisar a partir do histórico de quem já recebeu esse prêmio. As revelações do Grammy sempre destacam nomes que fizeram sucesso durante o ano, mas no Brit são, basicamente, apostas em nomes que, quase sempre, vão traçar os caminhos da música. Quem ganha Estrela em Ascensão no Brit Awards normalmente carrega esse peso, inconscientemente. Entre os nomes que já foram premiados nessa categoria temos Adele, Florence and the Machine, Jessie J, Sam Smith, entre outros.
Quem detém essa responsabilidade agora é a cantora Griff, filha de um pai jamaicano e uma mãe chinesa, e agora uma aposta da música com apenas 20 anos de idade. Resta deixar o tempo dizer se mais uma vez o Brit Awards vai confirmar uma nova estrela e manter seus status como trendsetter, o que ultrapassa as responsabilidades da maioria das premiações, mas fica evidente que, talvez, com o passar do tempo, sirva como um termômetro certeiro que todos nós deveríamos dar mais valor.
Gabriel Bueno é publicitário de formação, atua no mercado desde 2013 nas áreas de criação, mídia e produção. Viciado em acompanhar música, sempre disposto a comentar premiações, álbuns, videoclipes e tudo que envolve o meio musical. É o autor da coluna Decifrando, publicada no TV Pop. Siga o colunista no Twitter: @GabrielGBueno_. Leia aqui o histórico do colunista no site.