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Aprenda como abrilhantar um lançamento musical com Pabllo Vittar

Pabllo Vittar deu nocaute nos haters e teve ano invejável (foto: Reprodução/YouTube)
Pabllo Vittar deu nocaute nos haters e teve ano invejável (foto: Reprodução/YouTube)

Esse não é o nome de um workshop oferecido pela drag queen mais bem-sucedida do Brasil, mas bem que poderia ser. O ano de 2020 será realmente sempre lembrado como um ano difícil, em que diversos ambientes que eram tão comuns foram e continuam fechados. Pro mundo da música, isso significa ainda mais. Mesmo que haja boates e casas de shows funcionando de forma clandestina ou reabrindo reformulados para poder atender às medidas sanitárias, os artistas ainda têm somente o seu trabalho como forma de se conectar com o público.

Mas não é somente. O trabalho desses artistas conseguiu ser resignificado e se tornar ainda mais importante e influente para a maioria das pessoas que ainda precisam de alguma esperança. Apesar de tudo isso, 2020 não quis terminar tão ruim e ofereceu o seu maior lançamento musical brasileiro em pleno fim de ano. “Modo Turbo”, parceria de Luísa Sonza com Anitta e Pabllo Vittar, foi lançada dia 21 de dezembro. Mesmo que os rumores tenham sido alimentados durante meses, provavelmente ninguém esperava um lançamento tão grandioso em pleno fim de ano.

O que fica de lição desse lançamento é como as 3 artistas foram essenciais para o sucesso da colaboração, mas levanto um ponto: Você já havia visto a Anitta com um visual tão desconstruído? E a Luísa Sonza? Foi ótimo vê-las em um universo totalmente diferente do habitual, mas é claro que não foi surpresa alguma ver a Pabllo ali. As referências dela são muito ricas e passam principalmente pelos mais variados ambientes. No Twitter mesmo, um usuário apontou Mylla Carvalho, ex-vocalista da banda Companhia do Calypso, como inspiração de Vittar.

Mas é possível ver também referências ao universo k-pop e geek, que Vittar admite gostar e faz questão de tornar público em redes sociais e até em shows, como quando inseriu a coreografia de “Kill This Love”, do BLACKPINK, durante a turnê NPN Tour 2.0. Mas todo esse contexto foi criado pra levar a outro caminho desse texto. Já percebeu que a personalidade artística de Pabllo sempre dá mais gás pra qualquer parceria que ela tenha feito? Pode reparar que vocais dela são inseridos em pontos estratégicos das canções, porque preparam pra um clímax e que ela realmente sempre entra de forma especial nos clipes. Podemos deduzir que ela serve? Ela serve, e muito.

Mas vamos analisar esses pontos pra ninguém dizer que eu tô maluco na minha tese. Começando por “Sua Cara”, talvez a maior colaboração do pop nacional que o Brasil já teve, porque foi possivelmente o lançamento mais aguardado de 2017 junto com “Vai Malandra”. Pabllo entra na música já com um “cheguei”. Eu desconheço jeito melhor de entrar, talvez você que tá lendo possa me mostrar algum outro exemplo. Ela dá o seu primeiro verso, mas a ponte icônica com direito a um agudo inesquecível foi o que colocou a música em outro nível. Mas e no clipe? Ah, no clipe, eu consigo ver a marra e o swag da Anitta, que são basicamente marcas dela. Mas eu também vejo como a Pabllo faz a câmera se encantar com ela, porque ela não tá dublando, ela tá de fato atuando, fazendo aquilo como se não fosse tão difícil pra ela. Cá pra nós, nem deve ser mesmo.

Prova disso, é ver que mesmo tanto tempo depois, tanta boataria depois, Pabllo consegue fazer isso em “Modo Turbo”, novamente. A entrada é estratégica novamente, a ponte entrega para o refrão com a sensação que a música vai explodir e os vocais se ajustam pra dar essa sensação. Visualmente, temos de novo um grande surgimento de Vittar, principalmente porque ela aparece de forma marcada no vídeo, em um plongée absoluto, que torna esse momento do clipe um grande acontecimento. A transformação das intérpretes é o grande momento que vem a seguir e que surpreende quem assiste ao clipe e percebe a riqueza de detalhes da edição e o visual delas.

Mas, pra ser bem sincero, o visual de Vittar não me surpreende. Poderia sair de qualquer photoshoot que ela faz por aí e posta no Instagram às vezes. Por isso, a personalidade dela faz total diferença pra “Modo Turbo” se tornar mais crível para o público. Porque a gente sabe que aquilo ali é a Pabllo, que ela se aventura em todo tipo de visual, principalmente nos que não são exatamente cômodos para nós. E isso torna muito fácil de perceber e diferenciar o trabalho do maior ícone LGBTQ+ atualmente de qualquer outro artista que exista, no Brasil e no mundo. Porque Pabllo Vittar não é só a drag mais seguida do mundo, é uma lenda em construção, que cresce a olhos vistos, e que é coisa nossa, é selo nacional de qualidade e ninguém vai poder tirar.

Gabriel Bueno é publicitário de formação, atua no mercado desde 2013 nas áreas de criação, mídia e produção. Viciado em acompanhar música, sempre disposto a comentar premiações, álbuns, videoclipes e tudo que envolve o meio musical. É o autor da coluna Decifrando, publicada no TV Pop nas manhãs de quarta-feira. Siga o colunista no Twitter: @GabrielGBueno_. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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