Alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF) por divulgar notícias falsas sobre o funcionamento das instituições brasileiras e incitar atos antidemocráticos, a Jovem Pan decidiu demitir comentaristas alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para tentar se livrar de problemas com a Justiça, o grupo de mídia dispensou alguns contratados que já estavam afastados desde a semana passada, como Rodrigo Constantino, Zoe Martinez e Paulo Figueiredo Filho. Também deixaram a Jovem Pan na última sexta-feira (13) Marco Antonio Costa, Fernão Lara Mesquita e Coronel Gerson Gomes.
Segundo informações divulgadas pelo site especializado Tudo Rádio, as demissões foram feitas com o objetivo de “renovar o quadro de comentaristas e jornalistas na bancada dos principais programas jornalísticos”. Outros profissionais que já passaram pela Jovem Pan devem ser integrados à equipe e serão anunciados pela rede nos próximos dias. A demissão de jornalistas e comentaristas alinhados com o bolsonarismo foi tomada pelo Conselho do grupo Jovem Pan ao tomar conhecimento da apuração de que a rede disseminaria fake news e incentivaria atos extremistas contra instituições brasileiras.
Em 9 de janeiro, dia seguinte aos atos golpistas que vandalizaram prédios públicos em Brasília, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, foi afastado do canal de notícias e da presidência do grupo por causa da abordagem adotada pela companhia na cobertura dos ataques terroristas. A emissora de televisão e os outros veículos do Grupo Jovem Pan passaram a ser gerenciados por Roberto Araújo, que acumulará a presidência da empresa com o cargo de CEO, posto em que está desde 2014.
Oficialmente, a Jovem Pan declarou que Tutinha renunciou à presidência do grupo e permanecerá apenas como acionista do conglomerado. Segundo a apuração do TV Pop, a história nos bastidores é de que o comunicador foi afastado do cargo por seu pai, o empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta. A cobertura dos ataques golpistas teria sido a gota d’água para que ele afastasse o filho. Além de ter feito entradas ao vivo na TV, uma repórter da Jovem Pan estava entre o grupo de terroristas que invadiram os três Poderes da República em 8 de janeiro.
Nos últimos meses, o Ministério Público realizou um levantamento que “detectou que a Jovem Pan, a princípio, tem veiculado sistematicamente fake news e discursos que atentam contra a ordem institucional, em um período que coincide com a escalada de movimentos golpistas e violentos em todo o país”. “Na cobertura dos atos de vandalismo ocorridos em Brasília, por exemplo, comentaristas da Jovem Pan minimizaram o teor de ruptura institucional dos atos e tentaram justificar as motivações dos criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes. O comentarista Alexandre Garcia, contratado da emissora, chegou a fazer uma leitura distorcida da Constituição para atribuir legitimidade às ações de destruição diante do que ele acredita ser um contexto de inação das instituições”, disse o órgão em comunicado.