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BTS e as lições ao mercado musical que ultrapassam barreiras

Trecho do clipe de Butter, nova música do BTS (foto: Reprodução)
Trecho do clipe de Butter, nova música do BTS (foto: Reprodução)

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Acredito que dispensa apresentações o tema da coluna dessa semana, até pela multidão de fãs que os acompanham. O BTS é, inegavelmente, o maior grupo em atividade nesse momento. Com um fandom sólido e estratégias inteligentes de promoção do seu trabalho, o sucesso não veio a galope como boa parte das pessoas que os desconheciam parecem acreditar. Quase 8 anos após o debut, o grupo modificou sua formação e até sua identidade antes mesmo de seu lançamento oficial, de um grupo de hip-hop para um grupo pop, incorporando os rappers, uma tática muito comum na criação de bandas coreanas.

O que poderia ter sido muito arriscado, por talvez se tornarem mais um grupo pop ao lado de vários, durante uma sucessão de bandas femininas bem sucedidas no país, se tornou a maior força do BTS. Na carência de grandes atos pop ao redor do mundo, ninguém podia imaginar que isso abriria portas para representantes de outros países. Isso fez o reggaeton alcançar um novo status em 2017, ao ultrapassar os charts latinos e entregar os melhores resultados de vários cantores, que já tinham relevância em seus mercados locais e região.

É bem fácil perceber que isso tornou os charts americanos e europeus bastante democráticos, já que eles costumam compartilhar muitas de suas posições e oportunizou diferentes intercâmbios culturais entre o país e o continente. O que tornou o k-pop mais próximo das pessoas foram seu agradecimento e sua gratidão, o que consequentemente se transformou na causa de sua aproximação com os charts mundiais. Se existiam diversos fãs carentes de ídolos pop, que mesmo que não os conheçam de perto, os tratam como prioridade de seus trabalhos e entregam músicas que definem seus sentimentos, tornando a identificação inevitável, a maioria deles já não se sente mais assim.

Sem trabalhos novos dos maiores ícones pop das décadas de 2000 e 2010, o pop se tornou uma ilha na música mundial, com hits pontuais em meio a explosão de novos artistas de hip-hop. Isso não ia durar muito tempo e fez até artistas bem sucedidos traçarem novas rotas para transformarem seus desempenhos em plataformas de streaming, como Ariana Grande. Comendo pelas beiradas, o BTS foi um dos artistas que emplacaram nos Estados Unidos nesse momento, tal qual Dua Lipa. Duas das maiores marcas musicais da atualidade, é impossível imaginar como as carreiras de ambos poderiam saltar de desempenhos animadores em seus países de origem para uma explosão mundial.

Dua trabalhou pesado para desmistificar muita coisa sobre sua postura e imagem nesse meio tempo, em que muita gente não levava fé em sua performance no palco. Ela se esforçou e tem colhido isso, aliado a imagem de ícone fashion que é irresistível para a maior parte dos fãs de pop. O BTS já trouxe um frescor que há tempos não se sentia, principalmente por se tratar de um grupo, algo que já não movimentava o mercado americano há algum tempo e era mais garantia de polêmica que de resultados efetivos.

Esse frescor é tão evidente que os rapazes se tornaram praticamente gurus dos hits de verão, tendo como prova o mais recente single, “Butter”. Você pode achar genérico, mas não existe nada mais summertime song que pontes excitantes que levam a refrões enérgicos, com letras simples e leves que só querem te fazer dançar e se divertir. É óbvio, mas não tão fácil de executar e que faça o público comprar. Só se compra aquilo que se acredita, ou você vai pedir devolução imediata.

Eu duvido muito que os fãs queiram pedir a devolução do BTS. Ainda mais que a indústria também queira, pois o significado do sucesso deles é simbólico em todos os sentidos, seja pela ascensão do k-pop em níveis mundiais, seja pela oportunidade de perceber que certos modelos de lidar com o público já não cabem mais atualmente. Ninguém mais tem um status intocável e inalcançável, porque as pessoas querem conexão, mesmo as mais suaves, como manteiga.

Gabriel Bueno é publicitário de formação, atua no mercado desde 2013 nas áreas de criação, mídia e produção. Viciado em acompanhar música, sempre disposto a comentar premiações, álbuns, videoclipes e tudo que envolve o meio musical. É o autor da coluna Decifrando, publicada no TV Pop sempre nas quartas. Siga o colunista no Twitter: @GabrielGBueno_. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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