Produzida pela Globo no final dos anos 1990, a minissérie Chiquinha Gonzaga é mais um título liberado pelo Globoplay através do projeto Resgate, que revisita grandes clássicos da dramaturgia da emissora. A produção narra a trajetória da musicista revolucionária, republicana e abolicionista que desafiou a sociedade com sua postura, arte e amores. As biografias Chiquinha Gonzaga, uma História de Vida, de Edinha Diniz, e Chiquinha Gonzaga, Sofri e Chorei e Tive Muito Amor, de Dalva Lazaroni, foram fonte para os acontecimentos narrados na produção, de autoria de Lauro César Muniz e direção-geral de Jayme Monjardim. Gabriela Duarte e Regina Duarte vivem a personagem principal nas duas fases.
Na Globo, a minissérie foi exibida originalmente de 12 de janeiro a 19 de março de 1999. Em abril do ano passado, a produção foi exibida na TV por assinatura no canal Viva. A trama é narrada a partir de uma burleta (tipo de comédia musical do século XIX, de origem italiana) que se realiza em homenagem a Chiquinha Gonzaga (Gabriela Duarte, na primeira fase, e Regina Duarte, na segunda). A obra foi a primeira série a usar efeito digital de película antiga de vídeo na emissora líder.
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Na história, a protagonista, aos 87 anos, assiste sua trajetória, fazendo, vez ou outra, enquanto a encenação transcorre, interrupções e comentários sobre o que realmente lhe acontecera. Já idosa, relembra sua vida, retratada em duas fases: antes e depois dos 30 anos de idade. Nascida em 1847, no Rio de Janeiro, a jovem Chiquinha (Gabriela Duarte) é criada com conforto, sob a tutela dos melhores professores, mostrando, desde cedo, grande aptidão musical. Seu pai, major José Basileu (Odilon Wagner), a prepara para ser uma dama da corte imperial. Mas, após ouvir as músicas tocadas em um terreiro de negros, e influenciada por amigos como o compositor Joaquim Callado (Norton Nascimento), Chiquinha começa a compor misturando ritmos como polca e lundu.
Por imposição do pai, casa-se com Jacinto (Marcello Novaes), com quem tem três filhos. Mas o marido a proíbe de tocar, e ela, rompendo com os padrões sociais da época, se separa. A partir de então, Chiquinha luta pela liberdade de tocar em público e passa a viver com seu grande amor de juventude, o engenheiro e músico João Batista de Carvalho Jr. (Carlos Alberto Riccelli). Os dois têm uma filha, Alice (Carla Regina, na segunda fase). Ao lado de seu amor, Chiquinha parte para uma nova fase em uma fazenda em Minas Gerais, para onde se muda. João Batista mantém uma relação mal resolvida com Suzette (Danielle Winits, na primeira fase; Susana Vieira, na segunda), a proprietária do maior cabaré da corte. Mas é com outra mulher que Chiquinha o flagra. Sem aceitar a traição, ela termina o romance e volta para o Rio de Janeiro, deixando com ele a filha Alice. O pai tinha mais condições financeiras para criar a menina e lhe dar um futuro seguro.
Na segunda fase da história, Chiquinha (Regina Duarte) volta a integrar-se aos grupos de samba e choro, em pleno desenvolvimento, e é reconhecida artisticamente. Aos 52 anos, apaixona-se pelo jovem João Batista (Caio Blat, mais moço, e Fábio Junqueira, como o personagem mais velho). Para calar a sociedade moralista da época, Chiquinha anuncia o rapaz como filho e pede seu processo de adoção. Logo após, viaja para Portugal, onde passa dois anos. As filhas retiram o processo, e, em 1909, o casal volta definitivamente para o Rio. Apesar da oposição das filhas, que chegam a processá-la, é com Joãozinho que Chiquinha vive até o fim de sua vida, e é ao seu lado que ela assiste à estreia da burleta no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.