Karen Bachini, influenciadora de maquiagem, revelou em seu canal no YouTube que é uma pessoa intersexo –indivíduos que nascem com características sexuais biológicas que não se encaixam nas categorias feminina e masculina. De acordo com o relato, a desconfiança aconteceu há pouco mais de um ano, após ela produzir um vídeo sobre as dificuldades de produzir hormônios desde a adolescência. “Demorou alguns meses para eu tomar uma curiosidade para saber se eu era mesmo ou não uma pessoa intersexo. Não me parecia ser verdade. É uma coisa que você precisa entender, aceitar e buscar a sua história”, iniciou ela.
Bachini explicou que quando tinha 18 anos buscou fazer exames para fazer a descoberta. “Categorizando num termo geral para as pessoas entenderem, eu sou pseudo-hermafrodita feminina, onde tenho as genitais e os órgãos internos, mas não possuo qualquer tipo de hormônio. Naquela época, foi-me dito que eu tinha menstruado em alguma parte da minha vida, e entrei na menopausa, só que sempre achei isso muito estranho. Se eu tivesse menstruado, eu saberia. Um sangue na calcinha, você nota”, continuou a influenciadora.
“Naquela época, eu não tinha vida sexual ativa. Eu contei isso para os médicos, que disseram: ‘ah, às vezes foi só um pouquinho e você não percebeu, e me foi imposto esse diagnóstico e que eu deveria fazer hormonização feminina, que é tomar estrogênio. Comecei a tomar pílula anticoncepcional, que fazia a reposição do que meu corpo não produzia”, afirmou. Segundo a produtora de conteúdo, ela nunca vez procedimentos cirúrgicos a questões relacionadas a gênero. “Esse foi o corpo com o que nasci, mesmo. Nasci com características atípicas para o sexo feminino, e isso se nomeia intersexo”, explicou.
Karen Bachini disse ainda que iniciou um tratamento de hormonização feminina, mas que interrompeu o processo para ver o que aconteceria. “Ocorreu muita mudança de humor e espinha… meus peitos e minha pepeca diminuíram… tornou-se uma vida mais desconfortável para mim. Sentia que não era eu mesma, que faltava algo. Voltei com a hormonização feminina e comecei a suplementar com testosterona, também notei uma grande mudança no meu corpo. Comecei a me sentir mais viva, alegre e disposta. Acho que quero continuar fazendo essa suplementação hormonal de ambos os gêneros por um bom tempo, até eu tentar descobrir a hormonização correta que quero fazer”, detalhou.
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“Sempre tive preferência pelas brincadeiras dos meninos, os videogames, os RPGs, e sempre foi muito incômodo para a minha família. Eu nunca tive interesse em beleza e vestimenta, me vestia como um menino, com moletom e blusa. Todos os meus amigos, nessa época, eram meninos, porque eu não me identificava com as meninas, nem com as conversas nem com os interesses. O que eu queria, mesmo, era estar perto dos meninos. Não ficava com ninguém, só queria ser amiga deles. Foi depois de ter passado pela hormonização que comecei a desenvolver interesse por maquiagem, aos 19 anos, mas queria fazer maquiagem de cinema, de Star Trek e Star Wars”, relembrou.
Bachini também disse como foi a reação da mãe quando ela contou sobre a descoberta. “Quando fui contar para a minha mãe o que eu era cientificamente e que eu tinha decidido contar para as pessoas, ela disse: ‘obrigada por me contar antes. No momento, é só o que consigo dizer’. A gente não se falou mais desde esse dia. Acho que ela está digerindo, e ela tem que ter o tempo dela. Como eu passei por isso, entendi como dói muito mais do que eu achava que iria doer”, desabafou.
Casada com o alemão Janosh, Karen Bachini disse que a descoberta da intersexualidade impactou negativamente sua vida íntima. “Venho tendo um problema muito grande com minha identificação com meu corpo. Antes de eu começar a suplementar com testosterona, minha libido foi para zero. Não me sentia bem, parecia que tinha alguma coisa errada, não queria que ninguém me visse pelada e não queria ser tocada. Foi um período muito difícil. Agora, sinto que minha libido voltou, consigo me olhar no espelho pelada, me entender e me achar linda, mas é um processo que está em andamento. Ainda não estou satisfeita e não sei o que falta. Acho que falta só me aceitar, mas é muito difícil. Quando você começa a entender que existe uma parte que é mulher e outra que é homem, a visão de tudo muda, e não achei que fosse ser assim”, concluiu.