Há onze anos, Geraldo Luís se tornava um fenômeno de audiência nas manhãs da Record. Bem humorado e ao lado do famigerado galo William, que virou um dos maiores símbolos da carreira do comunicador até os dias de hoje, o jornalista fez história na faixa matinal da emissora. Sob o seu comando, o Balanço Geral atingiu índices históricos e provocou reformulações na programação da Globo, que chegou a instituir uma programação diferenciada só para São Paulo, com o intuito de ter mais tempo para o telejornalismo local.
Depois de nove anos como apresentador em horários de maior prestígio, Geraldo voltará para as manhãs a partir desta segunda-feira (7). Diferentemente do que aconteceu em 2010, quando a emissora já tinha um público cativo com os seus telejornais matinais, ele terá pela frente um caminho no mínimo espinhoso. O Fala Brasil, que agora chega a brigar com desenhos animados da TV Cultura, era líder de audiência naquela época. O São Paulo no Ar, referência de informativo regional na cidade, sequer existe mais.
A partir de agora, o jornalista terá a inglória missão de reproduzir o fenômeno da década passada passados onze anos. Em suas entrevistas, ele sequer faz questão de esconder que simplesmente irá fazer a mesma fórmula que deu certo em sua primeira passagem pelo matinal. O apresentador, no entanto, parece ter se esquecido de que o mundo mudou, e que certas coisas deixaram de ser vistas com bons olhos pelos telespectadores — dentre elas, a presença de um galo de verdade diariamente em pleno estúdio de televisão.
O TV Pop apurou que Geraldo Luís bateu o pé e disse aos executivos que fazia questão de ter, mais uma vez, um galo como seu co-apresentador no Balanço Geral Manhã. Disse, inclusive, que se necessário arcaria sozinho com os custos da empreitada, já que ele tem animais parecidos em sua casa, como a galinha Silvia e a pata Cibelle. A cúpula da rede não quis nem saber, mesmo com a insistência do jornalista. Os diretores alegaram que a presença de um animal seria o suficiente para que a vigilância sanitária pudesse fazer uma batida de fiscalização na sede da Record, por exemplo.
Há onze anos, e sob outra gestão do departamento de Jornalismo, o galo William era visto como uma ideia genial. Ele, que inicialmente era um só, ganhou sósias e foi substituído durante várias vezes, e chegou a integrar também o elenco original do Domingo Show. Naquela época, a emissora se empolgou tanto que chegou a fazer um poleiro para que os animais pudessem viver tranquilamente nas instalações da rede. O frango virou uma estrela, e era tratado como tal. Até mesmo uma música foi criada para o bichano, que já era mais famoso que vários colegas de trabalho.
Geraldo insistiu. Ameaçou desistir do Balanço Geral Manhã, esperneou e até usou as redes sociais para pressionar os chefes, publicando fotos de seus animais e lamentando que ainda estavam muito pequenos para ir para a televisão. A direção, depois do sucesso da experiência de Renato Lombardi como um holograma na edição vespertina da atração, pensou em um meio termo: um galo virtual, baseado justamente no finado William. Ele, enfim, aceitou a proposta.
A briga pelo frango promete ser só a primeira de muitas confusões que o jornalista terá com a Record em sua nova temporada como âncora do telejornal matinal. Com a saúde debilitada, chega a ser óbvio que ele se esforçará ao máximo para mostrar serviço e ser promovido para um horário menos ingrato — para comandar o programa, ele terá que sair de casa por volta das 3h da manhã. E, é claro, resta saber se ele voltará a ter carta branca para fazer os mais diversos tipos de bizarrices e comentários de gosto duvidoso.
No episódio mais célebre de sua primeira passagem pelo Balanço Geral Manhã, em 2012, Geraldo Luís mostrou para os telespectadores todo o seu espanto ao ver o tamanho da arma utilizada para um crime exibido pelo telejornal. Ao fim da reportagem, o jornalista surgiu no estúdio do programa com uma imensa ripa de madeira, e não pensou duas vezes em dizer que “daria até o loló” para fugir do assalto, enquanto empinava o seu traseiro para a câmera. Naquela época, a brincadeira lhe rendeu uma suspensão. É até difícil imaginar qual seria a punição nos dias de hoje, em que a Record adotou uma postura mais moralista…