A Globo demitiu um funcionário que estava em tratamento de câncer desde 2016. A companhia dispensou o profissional do trabalho em meio à onda de demissões que teve início em março e deve durar até maio. Na quarta (19), a Justiça mandou a emissora recontratar o colaborador, que anteriormente já havia sido reintegrado por outra ordem judicial. O caso foi julgado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), a mais alta Corte da Justiça do Trabalho no Brasil.
O que você precisa saber
- A Globo segue promovendo cortes em suas equipes e não poupou nem mesmo um funcionário com câncer;
- Em meio a um tratamento oncológico, um radialista foi dispensado durante o novo passaralho da empresa;
- Ele já havia sido demitido anteriormente e havia sido reintegrado pela Justiça do Trabalho;
- A corte ordenou mais uma vez que a líder de audiência readmitisse o colaborador imediatamente.
O funcionário dispensado é radialista, mas faz parte do departamento de segurança patrimonial da Globo. Ele, que trabalhava no canal em São Paulo desde 2014, foi diagnosticado com câncer maligno no estômago em 2016. Na ocasião, o funcionário deu início ao tratamento no hospital Sírio-Libanês, que é conveniado da empresa e referência nacional no atendimento contra a doença no Brasil.
Em razão da enfermidade, o nome do homem não foi divulgado. A emissora decidiu demitir o colaborador após ele informar aos superiores que teria limitações para cumprir as funções por causa do tratamento. Revoltado com a interrupção do tratamento pelo plano de saúde da companhia, ele entrou na Justiça imediatamente. No fim de 2018, ele foi reintegrado por uma determinação do desembargador Antero Arantes Martins, do TRT-SP (Tribunal do Trabalho de São Paulo).
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O juiz considerou a demissão discriminatória. Além da readmissão, o meritíssimo ainda mandou a Globo pagar R$ 50 mil de indenização por danos morais. Mesmo com o processo em fase de recurso no TST, o canal mandou o profissional embora mais uma vez em março deste ano, no começo do processo de reestruturação financeira que resultou na demissão de centenas de nomes das áreas de Jornalismo, Esporte, Entretenimento e Tecnologia. O homem continuava em tratamento no hospital conveniado e já tinha uma liminar para sua permanência no emprego.
O TST determinou na quarta (19) a reintegração imediata do profissional. A decisão foi baseada no depoimento oncologista Eduardo Pfiffer, do hospital Sírio-Libanês, que cuida do radialista. Na ocasião da segunda demissão, o profissional da saúde relatou que o tipo de câncer em tratamento “apresenta alto risco de recorrência” e que continua “sem evidência de recidiva de doença”.
“No que diz respeito à petição do Reclamante, determina-se que a Reclamada cumpra a ordem de reintegração do Autor, com garantia do emprego enquanto portador da doença, sob pena de incorrer nas cominações fixadas na tutela de urgência”, disse o juiz Alexandre Luis Ramos. “É um absurdo que a emissora faça essas demissões em massa, sem qualquer critério, pondo em risco a vida de trabalhadores, desprezando ordens judiciais”, lamentou o advogado Kiyomori Mori, representante do radialista.