Erick Brêtas, diretor de Produtos Digitais e Canais Pagos da Globo, confirmou nas redes sociais que a empresa perdeu todas as mídias dos capítulos de O Amor é Nosso, novela exibida entre 27 de abril e 24 de outubro de 1981, na faixa das 19h. O chefão do Globoplay publicou a informação em resposta a um seguidor que havia o questionado sobre o assunto. “Infelizmente não trago boas novas. As mídias desse mofinho se perderam”, disse o executivo em um microblog. A trama escrita pelo psiquiatra Roberto Freire (1927-2008) e por Wilson Aguiar Filho (1951-1991) é considerada um dos maiores fracassos da história do canal.
O que você precisa saber
- Erick Brêtas, diretor de Produtos e Canais Pagos da Globo, confirmou que a emissora perdeu todas as mídias de uma novela;
- O canal não tem mais os arquivos de O Amor é Nosso, um dos maiores fracassos da história da dramaturgia da emissora;
- “As mídias se perderam. No momento certo a gente faz um balanço pra contar o que ainda pode ser resgatado. Sinto muito“, afirmou o executivo.
A novela contava a história Pedro (Fábio Jr.), um jovem cantor em busca de sucesso e reconhecimento. Filho de Celso (Nelson Dantas) e Anita (Aracy Cardoso), ele deixa a casa dos pais quando descobre que seu irmão Claudio (Ney Sant’Anna) se envolveu com sua namorada Selma (Zaira Zambelli). O artista decide viver, então, em uma comunidade de estudantes, onde conhece os irmãos Bruno (Buza Ferraz), compositor, e Nina (Myrian Rios). Pedro e Bruno iniciam uma parceria profissional. Nina acaba se apaixonando pelo cantor, mas fica dividida entre ele e o ex-seminarista Chico (Stepan Nercessian).
Na época, o público não teria entendido a história de O Amor é Nosso, que mesclava elementos policiais com romances e confusões características dos jovens. Outro defeito encontrado na produção era o excesso de personagens sem função. Por causa dos problemas e sem aceitação junto aos telespectadores, o autor Walter Negrão assumiu o comando dos roteiros na metade da novela, que ao todo teve 155 capítulos. Foi cogitado eliminar boa parte dos personagens em um acidente de ônibus, em técnica usada por Janete Clair em Anastácia, a Mulher Sem Destino (1967).
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“Como peguei a novela exatamente na metade, achei melhor encerrar algumas tramas propostas pelos outros autores para poder desenvolver a minha. Assim, todos os personagens ligados ao lado policial da novela vão desaparecer, porque pretendo destacar o lado romântico da história. Mas não haverá o ônibus da morte”, disse o novelista em entrevista à Folha de S.Paulo em 30 de julho de 1981. A chegada do experiente autor ajudou a melhorar a história, mas já não havia o que ser feito. O canal só não teve maiores prejuízos na audiência porque na época não sofria com a concorrência com outras mídias e plataformas como acontece atualmente.
De acordo com o jornalista e pesquisador Thell de Castro, criador do TV História, a Globo tem pouca coisa de O Amor é Nosso em seus arquivos. A emissora conseguiu manter preservadas apenas as chamadas de estreia e o clipe da abertura, que foi exibida no Fantástico um dia antes do primeiro capítulo. A informação é de que todas as fitas teriam sido apagadas em razão do tempo. “No momento certo a gente faz um balanço pra contar o que ainda pode ser resgatado e o que foi consumido pelo tempo. Sinto muito por essa…”, lamentou Erick Brêtas por não ter condições de disponibilizar a trama na plataforma de streaming da Globo.