Margareth Boury, autora da versão brasileira de Rebelde (2011), acredita ser pouco provável uma reunião com os protagonistas do folhetim produzido pela Record em parceria com a Televisa. O folhetim foi ao ar no canal do bispo Edir Macedo entre 21 de março de 2011 e 12 de outubro de 2012, em 410 capítulos, dividida em duas temporadas. O elenco principal era formado pelos atores Sophia Abrahão (Alice), Lua Blanco (Roberta), Mel Fronckowiak (Carla), Micael Borges (Pedro), Arthur Aguiar (Diego) e Chay Suede (Tomás).
O que você precisa saber
- Autora da versão brasileira de Rebelde, Margareth Boury acredita que os protagonistas do folhetim não devem se reencontrar;
- Além disso, ela revelou que passou por perrengues enquanto escrevia a novela para a Record;
- “Não podia ter sexo, drogas, bebidas… esse puritanismo não tinha na mexicana. A mexicana era mais real”, disparou a novelista.
“Perto do impossível a gente reunir os seis para reviverem alguma coisa. Não consigo imaginar os homens e mulheres maduros de hoje, que aqueles jovens se tornaram, cantando ‘sou rebelde para sempre’. Posso estar enganada, não consigo ver”, disse a novelista, que recentemente foi contratada pelo SBT para ser roteirista de programas como Esquadrão da Moda e Bake Off Brasil. “O Arthur tá falando por aí que vai ter show de Rebelde. Desculpa, mas não vai. Eles podem se reunir quanto Micael, Chay, Arthur, Sophia, Lua e Mel, mas é difícil. O que eles vão cantar?”, questiona em conversa com o jornalista Filipe Pavão, do UOL.
Margareth Boury lembra que qualquer evento para retomar o projeto da versão brasileira de Rebelde precisa dos direitos de uso da marca. No começo de abril, Arthur Aguiar disse em entrevista que os ex-colegas de trabalho já falaram sobre a possibilidade. “A gente conversou sobre isso recentemente, nós seis. Eu toparia, mas ainda não temos uma resposta definitiva. Pode ser que em breve a gente tenha uma resposta para dar”, disse o campeão do Big Brother Brasil 22 à revista Quem.
A autora diz que ficou assustada com a repercussão que a novela e o grupo musical formado pelos protagonistas. “Fui a muitos shows deles. O primeiro deles foi em Porto Alegre. Lembro que falei com o Ivan [Zettel, diretor de Rebelde] no avião: ‘Nossa, que loucura começar em Porto Alegre, a Record não tem entrada na região’. Quando a gente saiu do aeroporto, tinha uma fila de gente para o show que seria de noite. Fiquei assustada com a quantidade de gente, meninas passando mal, gritos. Foi a hora que a ficha caiu”, relembrou ela.
Leia mais: SBT contrata autora responsável pela adaptação da versão brasileira de Rebelde
Leia mais: Mel Fronckowiak comemora 12 anos de novela da Record: “Mais simbólicos”
A versão de Rebelde ficou mais leve em razão de exigências da direção da Record. Na época, Margareth e Ivan viajaram até o México para conversar com Pedro Damián, produtora da versão da Televisa, que foi baseada no original argentino Rebelde Way, de Cris Morena, mas o canal brasileiro foi irredutível e barrou cenas consideradas pesadas. “Não podia ter sexo, drogas, bebidas… Falei: ‘gente, como vou fazer Rebelde assim?’ Os fãs me cobravam na época: ‘Quando eles vão transar?’ Me sugeriram: ‘Mas eles podem sonhar?’ Eu disse que sim e coloquei todos para sonharem com sexo num capítulo”, contou ela.
“Esse puritanismo não tinha na mexicana. O personagem do João vendia papelote de cocaína no Elite Way no primeiro capítulo. A gente não podia. A mexicana era mais real. Famílias disfuncionais que criavam filhos rebeldes. O Diego foi difícil de adaptar porque ele bebia. Consegui liberar bebida desde que ele não aparecesse bebendo em cena e a consequência fosse imediata, como o pai descobrir logo ou bater o carro e ficar de castigo”, relatou. Ela também disse que pediu para deixar a obra quando a Record pediu para que colocasse crianças no elenco. Na época, personagens semelhantes ao fenômeno Carrossel (2012), do SBT, chegaram na história.
“Me sentia muito cansada porque já estava há 3 anos nesse projeto — antes seria outra adaptação, Un gancho al Corazón. Teve influência de Carrossel ao colocar crianças, tiveram medo […]. Fui ao Hiran [Silveira, na época diretor de dramaturgia da Record] chorando e disse que não ia conseguir criar a versão da Alice criança, a Roberta criança… Ele foi muito legal e me tirou da novela. Não queria nem fazer a supervisão da trama, até porque teve rejeição quando coloquei RPG com vampiros no início da segunda leva de capítulos. Tive que criar uma nova temporada do nada”, lembrou Margareth Boury.