William Bonner criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante entrevista ao programa Altas Horas exibido no último sábado (26). O apresentador do Jornal Nacional afirmou que questionar o governo é um direito de todos os cidadãos, e que os profissionais do jornalismo estão representando o povo ao fazer perguntas aos políticos. “Se a autoridade pública manda calar a boca, se ela se recusa a responder, ou responde com impropérios e insultos, quem não está cumprindo seu papel é a autoridade pública”, disse.
“Durante a pandemia, foram feitos alguns editoriais quando números muito impressionantes eram atingidos. Isso aconteceu, por exemplo, quando o número de 100 mil mortes foi atingido. Agora com 500 mil mortes, nós achamos que era o momento não apenas de fazer um editorial para marcar posição sobre a gravidade dessa tragédia nacional, mas para marcar uma posição nossa, do Jornalismo da Globo, em defesa de coisas que constam na nossa essência e nos nossos princípios editoriais”, explicou o âncora sobre os editoriais feitos nos dias em que o Brasil atingiu números expressivos de mortes na crise sanitária.
“Então, o editorial teve o objetivo de informar o povo brasileiro, contar pro povo brasileiro que a despeito de tudo o que está acontecendo, nós não vamos arredar pé da defesa do direito à saúde, que é um direito do cidadão brasileiro, e o direito de vivermos numa democracia. Tudo aquilo que põe em risco uma coisa ou outra, demanda da gente uma postura muito firme”, continuou o colega de Renata Vasconcellos.
“Nós observamos naquele editorial que tudo na vida, tudo no universo comporta diversos ângulos, e você deve acolher todas as possíveis visões dos problemas, esses ângulos e essas visões são acolhidos no debate. Mas é óbvio que tem que haver exceções, e a gente não vai transigir quando o que estiver em risco for a saúde de todo mundo e a democracia brasileira que a gente preza tanto e pela qual se lutou tanto”, disparou William Bonner.
“Eu tinha 20 anos quando a gente começou a brigar para ter eleições diretas, por exemplo. E aí declarações, atitudes, manifestações, sinais vão sendo dados, aqui e ali, que acendem a nossa luz de alerta. Toda a imprensa livre tem como papel defender a nossa democracia. É o que a gente está fazendo e foi o que a gente quis marcar com aquele editorial”, concluiu o apresentador.