Uma cena em Amor Perfeito fez com que o público da novela tivesse reações pela trama. A personagem de Mariana Ximenes, Gilda, mexeu no cabelo do personagem de Levi Asaf, o Marcelino. Em uma cena distinta, Marê (Camila Queiroz) arruma o cabelo do menino e repreende a vilã.
Os autores da trama, Duca Rachid, Elisio Lopes Jr. e Júlio Fisher, defenderam a cena ao pontuar que era para ser incômodo e questionável para o público. “A Gilda não tem limites. O desejo de conquistar seus objetivos, nesse caso o Orlando, faz com que ela use o Marcelino como estratégia para se aproximar e comover. A ideia é que a Gilda não tem noção do quão ofensivo e violento é mexer no cabelo do Marcelino. Ela quer apenas enquadrá-lo num padrão que ela aprendeu, num padrão estético que ela acredita ser o melhor pra ele”, detalhou.
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“Vivenciar esse sentimento do público, perceber que o público que acompanha a novela entendeu que esse ‘alisar de cabelos’ é mais que uma escolha estética, pode ser uma violência, nos mostra que a história colaborou nessa construção crítica. E essa era a nossa missão. Debater esses modelos de beleza vigentes. O Brasil é um país diverso, mesmo nos anos 1940, o ato de alisar os cabelos era uma prática comum, mas não era a única. Sempre existiram famílias negras, e nem todas alisavam seus cabelos”, afirmou o trio ao gshow.
Para os autores de Amor Perfeito, a trama precisa mostrar esse momento para que o público sinta. “Nós escrevemos com o propósito de provocar essa reflexão. Sim! Era um ato violento, era o ápice da violência da Gilda, tentando fazer com que Marcelino se enquadre nos padrões do que ela acredita. Então, sabíamos que era violento e era para ser. Muitos nunca pensaram sobre isso, principalmente pessoas brancas, nunca pararam para refletir o quão violento é viver numa sociedade onde o padrão de beleza não aceita o seu cabelo”, disse.