Eduardo Faustini, conhecido como repórter secreto do Fantástico, mostrou o rosto na televisão pela primeira vez após 27 anos. Na noite do último domingo (20), o jornalista foi entrevistado na série especial como parte das comemorações do aniversário de 50 anos da revista eletrônica. O profissional se mostrou nervoso em revelar sua identidade antes começo de começar a gravação. “Estou extremamente desconfortável. Agora, quando estou fazendo o meu trabalho, não sinto nada [nervosismo]. Sei que não posso tremer ou gaguejar”, contou.
O jornalista, que recentemente integrou a equipe da nova versão do Linha Direta, explicou o motivo de não mostrar seu rosto nas reportagens especiais e investigativas que produzia para o Fantástico. “As pessoas fazem muita confusão achando que eu não mostro o meu rosto pra me proteger. Mas, na realidade, eu nunca mostrei meu rosto para proteger o meu trabalho. É o meu trabalho que eu tento proteger”, disse ele, que é um dos profissionais mais premiados do Brasil. Ele deixou o Jornalismo da Globo em 2021.
+ Marcelo Faria fala sobre personagem imponente em Reis: “Tem grandes cenas”
+ Marina Ruy Barbosa revela que “entrega a alma” para primeira vilã na Globo
Segundo o agora ex-repórter secreto, manter sua identidade no anonimato foi essencial para o seu trabalho no Show da Vida. “Porque o fato de eu não ser conhecido me possibilitou fazer muitas matérias de infiltração, de frequentar lugares sem ser reconhecido. Então, esse é o motivo. E agora eu acho que já está na hora de descansar um pouco. Eu não tenho mais por que me esconder”, disse ele, enquanto as luzes do estúdio da gravação se acendiam (veja a foto do jornalista no fim do texto).
Ameaçado por causa das investigações, Faustini disse que outro motivo por não mostrar o rosto nas reportagens era para proteger seus familiares, já que por muitas vezes ele foi ameaçado por causa do trabalho. “Eu sabia o peso da minha responsabilidade. Eu sacrifiquei a minha família, minha mulher, meu filho – e eles nunca me cobraram. Mas eles sabem o que passaram. O meu filho fez a faculdade com policiais na porta da sala de aula”, revelou.
Ex-repórter secreto foi demitido em 2021
Eduardo Faustini trabalhou no Jornalismo da Globo entre 1996 e 2021. Ele foi recontratado pela emissora em abril deste ano para integrar a equipe do novo Linha Direta. O novo acordo com a empresa foi firmado em vínculo por temporada. O retorno foi possível porque o programa é produzido pelo núcleo responsável pelo Conversa com Bial, área do setor de Entretenimento comandada por Mariano Boni. O mesmo departamento é responsável por documentários originais do Globoplay e a atração musical Som Brasil, que homenageia grandes nomes da música brasileira. O retorno do profissional foi uma indicação de Pedro Bial.
Apelidado de O Repórter Secreto, Eduardo Faustini é um dos mais importantes jornalistas investigativos que já passaram pela Globo. Antes de começar na líder de audiência, trabalhou na extinta TV Manchete a partir de 1989. Com reportagens exibidas pelo Fantástico desde 1996, o jornalista nunca havia mostrado o rosto na televisão para preservar sua integridade física, embora já tenha recebido ameaças de morte por causa de suas investigações.
Em 2004, por exemplo, Faustini produziu uma reportagem que denunciou a queima de documentos sigilosos da época da ditadura na Base Aérea de Salvador. O trabalho ganhou o Prêmio Qualidade Brasil e o XXII Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo. Em 2005, uma reportagem mostrou cenas de corrupção em Rondônia, em que o então governador do estado, Ivo Cassol, gravou tentativas de suborno por parte de deputados. Em 2014, uma série no Fantástico com título “Cadê o dinheiro que estava aqui?” investigou denúncias de corrupção sobre desvio de dinheiro público. Na ocasião da demissão do jornalista, a Globo disse ao TV Pop que saída aconteceu em comum acordo com a empresa “depois de uma linda trajetória na TV”.