A jornalista Silvye Alves, do Cidade Alerta da Record Goiás, ficou revoltada após ter um pedido negado pela Justiça. No mês passado, a profissional foi agredida pelo ex-namorado Ricardo Hilgenstieler na frente do filho de 11 anos. Em um dos processos movidos contra o ex-companheiro, a apresentadora solicitou busca e apreensão do celular do agressor depois que ele supostamente teria ameaçado divulgar imagens íntimas gravadas sem sua autorização durante uma viagem. “No Dia dos Namorados ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha cinco minutos para atendê-lo. Ou então, que eu sabia o que tinha na mão dele”, contou a funcionária da Record.
“Eu já tinha dito aqui no meu Instagram que não comentaria o caso [de agressão] porque corre em segredo de justiça. Mas hoje eu estava gravando uns vídeos aqui e fui surpreendida por uma decisão da Justiça que corta o meu coração. Muitas pessoas não sabem por que eu não vou citar o nome do meu ex-companheiro. Eu não vou descumprir aquilo que a Justiça me determina. Porém, eu não posso admitir uma coisa dessa que aconteceu, enquanto mulher. Isso acontece com milhares de mulheres. E a sociedade tem que entender de uma forma geral, e eu não tenho a menor dúvida disso, porque eu passei por isso e estou passando por um inferno, mas com Deus no coração. A sociedade tem que entender que as mulheres têm vontade de levar tudo adiante, seguir a vida. A gente só quer seguir a vida. Só isso. Se a gente pudesse voltar no tempo, para que nada tivesse acontecido, no sentido de nem ter conhecido determinadas pessoas. Eu tenho certeza de que essas mulheres voltariam no tempo”, iniciou a apresentadora da Record em um longo desabafo.
De acordo com Silvye, o ex-namorado tinha uma mania estranha de gravá-la sem que ela percebesse. E um dos processos que ela abriu contra o ex-companheiro envolve o de crime contra a dignidade sexual, que é quando alguém faz registros íntimos sem autorização da vítima. “Eu só estou vindo para trazer a público, uma situação, porque é inadmissível o direito que me foi tirado hoje. Por uma juíza mulher. Eu não sei se essa juíza tem filha, eu nunca vi o rosto dessa juíza, mas eu estou indignada com essa excelentíssima juíza que ocupa um dos mais altos cargos do judiciário. Mas eu vim trazer isso aqui a público porque a minha revolta. Tenho certeza de que muitas de vocês já podem ter passado por isso. Eu não sei por que meu ex-companheiro, se era uma obsessão, não sei, mas ele tirava fotos minhas, por exemplo, lavando uma louça. Me filmava, às vezes, dormindo. Eu estava aqui em casa com meus amigos, tirava fotos, fazia vídeos. E eu nem percebia. E um dos processos que eu abri contra o meu ex é contra a dignidade sexual. E que é isso? É quando a pessoa faz algum registro seu, da sua intimidade, sem a sua autorização, sem o seu consentimento”, explicou a jornalista da Record.
“Nós fizemos uma viagem para uma cidade turística aqui perto de Goiânia. Ficamos em uma pousada. E essa pousada tinha uma piscina privativa, ou seja, dentro do próprio quarto. E em um momento muito particular meu, praticamente sem roupa, esse ser me filmou. E eu não vi. Quando nós terminamos, alguns dias depois, ele me mandou esse vídeo no WhatsApp e escreveu para eu guardar de lembrança. Eu fiquei em choque. Num primeiro momento dá aquele pânico, você fica desesperada. Você não sabe por que a pessoa fez aquilo, por que ela está te mandando. Na hora eu falei: ‘pelo amor de Deus, deleta isso, e se seu celular for roubado, se estragar seu celular e precisar mandar para arrumar’. ‘Fique tranquila, nada vai acontecer’. Porém houve uma ameaça, de fato. No Dia dos Namorados ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha cinco minutos para atendê-lo. Ou então, que eu sabia o que tinha na mão dele. E isso está com a polícia, que já foi arremetido ao judiciário. O judiciário tem acesso a isso. E a excelentíssima juíza Renata Farias Costa Gomes de Barros Nacagami me negou hoje o direito de busca e apreensão do celular dele ou qualquer outro dispositivo que ele tenha esse vídeo que ele fez sem o meu consentimento”, continuou Silvye Alves, visivelmente abalada.
“Pelo amor de Deus. É o meu corpo. É a minha vida. Como que a senhora pode ter negado isso doutora Renata. Como a senhora teve coragem de negar isso? E eu não estou falando das agressões físicas que eu sofri. Eu estou falando porque eu sou uma mulher, tenho uma profissão, tenho um filho. Um vídeo da mãe dele, despida, circulando por aí. Deveria ter pensado pelo menos no meu filho. Se é que a senhora tem filhos. Deveria ter estendido a mão para uma mulher. A senhora agiu ao contrário. Eu não consigo compreender uma situação dessa. A minha advogada está tentando reverter a situação, de alguma forma. Seja com uma medida cautelar porque na medida protetiva deixa bem claro que ele não pode citar meu nome, expor minha imagem, ou qualquer outro tipo de coisa. Mas eu espero de fato que esse processo caia na mão de um desembargador que tenha a sensibilidade de abrir o coração e olhar para a vítima. Se não tiver mais nada, em nenhum dispositivo, ótimo. Mas se tiver, sinceramente, tem que ter punição. Porque eu não mereço, daqui alguns anos, quando eu estiver tentando seguir a minha vida e ser feliz, eu ter uma imagem minha exposta dessa forma. Eu não posto nem foto de biquíni no Instagram porque eu não gosto. E ter uma imagem minha despida, sem a minha autorização, isso é crime”, finalizou a apresentadora da Record.