A Globo foi condenada pela Justiça a pagar cerca de R$ 30 mil de indenização ao goleiro Alexandre Cajuru, de 31 anos, por ter exibido por diversas vezes na programação do canal SporTV, em 2020, uma falha que ele cometeu durante uma partida entre CSA e Ponte Preta, válida pela série B do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o jogador, que atuava pelo time de Alagoas, não conseguiu segurar uma bola que havia sido chutada de muito longe.
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Os detalhes do processo foram divulgados pelo colunista Rogério Gentile, do UOL. “Cajuru, que é isso?”, disse o locutor do canal esportivo da Globo da TV por assinatura. Por causa da falha, o CSA acabou perdendo a peleja por 2 x 1. Depois da repercussão do jogo, o SporTV decidiu criar um vídeo com o título Os Vacilos dos Goleiros do Brasileirão, no qual eram mostradas falhas em inserções na programação. O jogador processou a Globo.
Atleta afirma que a Globo acabou com a sua carreira
Em maio do ano passado, o atleta procurou a Justiça dizendo que sua falha durante a partida foi exibida todos os dias desde setembro de 2020 na emissora. De acordo com o goleiro, apenas o erro dele e de outro colega integravam o quadro. Alexandre Cajuru alegou que sua carreira foi prejudicada por causa das diversas exibições. “Após o massacre que a emissora proporcionou, o autor [do processo] não conseguiu renovar seu contrato e tem tido muitas dificuldades para conseguir contrato com equipes da 1ª divisão”, disse o advogado dele.
Na ação contra a Globo, o goleiro relatou que já havia sofrido um grande abalo emocional por causa da falha, se sentindo culpado. Ele acreditava que, com o tempo, os torcedores e os dirigentes de clubes de futebol se esqueceriam do ocorrido. “A Globo, porém, com nítido cunho vexatório, não deixa a sociedade esquecer”, argumentou o advogado que representa o atleta no processo. As constantes repetições da falha causaram um novo trauma.
Juiz condenou a emissora por repetições da falha do jogador
O juiz Renan Jacó Mota, que condenou a Globo, disse que a falha foi exibida de forma “descomedida”. A sentença, publicada no dia 11 de outubro, considerou que a repetição sistemática ultrapassou a finalidade informativa, passando a atentar contra a imagem do goleiro. “Acarretou-lhe inegável sofrimento psicológico”, disse o magistrado.
“O exercício das liberdades de informação e de imprensa deve se dar de forma equilibrada, em harmonia com outras garantias constitucionais”, escreveu o meritíssimo na decisão. A Globo não apresentou defesa no processo, mas ainda pode recorrer. A emissora foi procurada pela publicação, mas não respondeu aos contatos. A Central Globo de Comunicação geralmente não comenta casos que estão em andamento na Justiça.