Lucélia Santos alcançou o estrelato ao aceitar o papel de protagonista na novela Escrava Isaura (1976). A trama, que entrou no Globoplay nesta segunda-feira (23), foi uma adaptação do romance com o mesmo nome, escrito por Bernardo Guimarães e foi levado para a televisão por Gilberto Braga (1945-2021), mas o autor não concordava com a escalação da protagonista.
Segundo o novelista, Lucélia Santos era muito branca para o papel. “Apesar de todo o sucesso da novela, acho estranha a escalação da Lucélia Santos para viver a Isaura, porque ela é muito branca. Precisava ser, no mínimo, morena. Falei isso para o Herval na época: tínhamos que encontrar uma Yoná Magalhães (1935-2015) mais jovem. Eu achava que a Lucélia não tinha o tipo, e continuo achando. A maioria do elenco era de atores muito impostados – a Lucélia, não, já era uma atriz moderna” , contou em entrevista divulgada pelo livro Autores – Histórias da Teledramaturgia.
Em 2008, Gilberto Braga afirmou que nunca entendeu o sucesso da novela dele. “Não entendo como que Escrava Isaura e aqueles cenários horríveis, deu mais ibope que Força de um Desejo [também de sua autoria], que parecia um filme do [diretor italiano Luchino] Visconti, com a Malu Mader naqueles figurinos maravilhosos”, disse o autor para a Folha de S.Paulo.
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A atriz declarou que não imaginava o sucesso de Escrava Isaura. “É impressionante, a novela estourou na chamada. Eu era desconhecida, meu rosto nunca tinha aparecido no ar. Era uma personagem que estava sempre com a sensibilidade à flor da pele, literalmente”, detalhou.
Lucélia Santos pontuou que conseguia enxergar alguns pontos da trama. “Era aquela heroína, a heroína romântica, que sofria rejeição, abandono, dor, mágoa. Eu via por trás das paredes bilhetes do Gilberto Braga escrito: Desculpe, Lucélia heroína tem que ser assim”, disse a artista ao Memória Globo.