Quinze anos depois da estreia do Custe o Que Custar, mais conhecido pela sigla CQC, Rafael Cortez relembrou alguns momentos da trajetória do programa. O comunicador esteve desde a primeira temporada no programa e afirmou que o pior momento que viveu na produção foi com Maria Bethânia.
“O pior episódio que aconteceu comigo foi quando eu entrevistei a Maria Bethânia, que eu amo e considero uma deusa, e fiz uma piada que saiu em um contexto que a desagradou. Ela me deixou falando sozinho. Pedi desculpas para a empresária, escrevi uma carta aberta para ela. Após três anos, ainda como repórter, eu a encontrei e ela me deu uma nova entrevista. Nunca me perdoei por essa piada, que não foi exibida. Pedi para a edição cortar”, relatou ele em conversa com a Folha de S.Paulo.
O repórter declarou que a primeira matéria exibida no programa era dele e após tantos anos, ele lamenta que não tenha tido uma continuidade. “O que fica é uma lamúria por não termos hoje na TV nem sequer um genérico do que foi o CQC. Não tenho melancolia, saudade ou algo mal resolvido com o programa, mas dá uma tristeza por um projeto tão interessante e revolucionário não ter dado frutos. Poderia ter continuado na TV e hoje estaríamos com novos talentos”, detalhou.
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Questionado sobre o formato, Rafael Cortez destacou que o programa teria que se reinventar. “O CQC é reflexo de um Brasil que não existe mais. O Brasil de 2008 era diferente do de hoje. O programa foi o último respiro do politicamente incorreto. Na cultura argentina (a atração era comandada pela produtora Cuatro Cabezas), as piadas eram encaradas mais facilmente, então começamos a fazer piadas por aqui e as pessoas adoravam”, contou.
A plateia ria o tempo todo com o que falávamos, até as piadas mais incorretas caíam como uma luva no país. Foi uma histeria coletiva. Se o CQC existisse hoje, estaria completamente à disposição do novo momento do humor no Brasil. E seria muito difícil. Mas ainda existe uma sobra anárquica e uma brecha. Talvez não faríamos as piadas mais incorretas, mas continuaríamos investigando a política, falaríamos com quem não quer falar”, disse.