Não vai ser dessa vez que os telejornais do SBT vão se livrar de seu telão multiuso. Apesar da substituição do cenário finalmente ter sido liberada por Silvio Santos, a reformulação dos jornalísticos deverá sair do papel apenas em 2022. Para parte dos executivos da casa, não faz sentido promover mudanças radicais diante de uma das maiores crises de audiência da história da emissora, correndo risco de afugentar ainda mais telespectadores. Até agora, nenhuma das novidades ou mudanças implantadas pela rede em 2021 deu certo. Pelo contrário: a maioria esmagadora serviu para espantar o pouco público restante, como a insistência do dono da empresa em séries do século passado.
Os dois telejornais regulares da emissora viraram ilhas na programação. O Primeiro Impacto é exibido após reprises e entrega para o Vem Pra Cá, que ainda não conseguiu conquistar audiência por conta própria. No horário nobre, o SBT Brasil herda audiência de sorteios da Telesena e do Baú da Felicidade, e passa o horário para o Roda a Roda, que também serve como jabá para outra empresa do Grupo Silvio Santos. Ambos deixaram de servir como sala de espera para programas com bons resultados, e acabaram vendo seus números minguarem ao decorrer do ano.
No caso do matinal, a situação é ainda mais delicada: o jornalístico tem perdido ainda mais público desde abril, mês em que o dono do Baú promoveu o repórter Darlisson Dutra para o posto de âncora. Apesar de esforçado, ele destoa do perfil circense do jornalístico e afugenta os telespectadores acostumados com as piadas e zoações feitas por Dudu Camargo — escanteado para as madrugadas — e Marcão do Povo, prejudicado pelos números ruins deixados pelo seu antecessor. De vice-líder e quase imbatível, o Primeiro Impacto passou a perder para a Record em alguns dias.
Por sua vez, o SBT Brasil agoniza com a falta de investimentos. O TV Pop apurou que os profissionais que atuam no principal telejornal da emissora não entendem até hoje como o noticioso que já foi comandado por nomes como Ana Paula Padrão e Carlos Nascimento foi parar nas mãos de âncoras inexpressivos. Marcelo Torres e Márcia Dantas, os atuais titulares, são queridos pelos colegas, mas não chamam atenção mercado publicitário e tampouco conseguem se impor diante da concorrência, que conta com rostos conhecidos no Jornal da Record e no Jornal da Band.
Para os jornalistas da emissora, a chegada de um novo cenário e de investimentos em tecnologia era uma esperança de que o setor voltasse a receber atenção de Silvio Santos. Afinal, o atual estúdio foi praticamente uma criação dele: o telão multiuso foi montado com uma tecnologia MicroTile, que o empresário descobriu durante suas férias nos Estados Unidos. O investimento no equipamento só terminou de ser pago no ano passado, sete anos depois da compra das peças. Nesse meio tempo, a cenografia chegou a sugerir que a disposição das telas fosse modificada, mas esbarrou na sensibilidade dos dispositivos: se fossem tirados das posições atuais, simplesmente poderiam não ligar mais — e não haveriam peças substitutivas para eventuais danos.