Os herdeiros de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), mais conhecido como Pelé, que morreu vítima de um câncer no cólon, concordaram com os termos do testamento deixado ex-atleta. A Justiça de São Paulo, por meio de uma decisão publicada pela juíza Andrea Roman, da 2ª Vara de Família e Sucessões, determinou o cumprimento do documento.
A informação foi confirmada ao Estadão pelo advogado Luiz Kignel, representante de Márcia Aoki, a viúva de Pelé. “É um avanço relevante porque retira qualquer discussão sobre a validade do testamento. Os herdeiros poderiam eventualmente discutir alguma cláusula testamentária, mas isso é importante porque deixa claro o respeito à vontade do Pelé”, detalhou o advogado.
Segundo Kignel, o próximo passo será a finalização do levantamento dos bens de Pelé para a conclusão do inventário. Estima-se que ele tenha deixado uma fortuna de R$ 78 milhões. Edinho, o filho mais conhecido do ex-jogador, foi ordenado inventariante, com o aval dos irmãos, depois que Marcia Aoki abriu mão da função.
O ex-goleiro pediu para administrar a herança do pai, com o argumento de que está mais familiarizado com os negócios da família. Segundo o advogado Augusto Miglioli, que representa Edinho na questão do inventário, os filhos de Pelé estão realizando exames laboratoriais que podem comprovar a existência de uma nova filha. Pelé respondia na Justiça a uma ação de paternidade movida por Maria do Socorro Azevedo, representada pela Defensoria Pública de São Paulo e alega ser sua filha, o que a torna também herdeira legítima da herança do jogador.
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O ex-atleta decidiu que faria o teste de DNA, mas morreu antes do exame. Ele citou a possibilidade de ter outra filha em seu testamento. Os filhos se decidiram pela realização do exame de DNA. O processo é necessário para determinar a partilha da herança. Se o teste comprovar a paternidade, a divisão dos bens terá mais uma pessoa envolvida. Em setembro, os herdeiros concordaram com a inclusão de Gemima, enteada, entre os herdeiros.
No testamento, assinado em 2020, Pelé destinou 30% de todos os seus bens a Márcia — incluindo uma casa no Guarujá —, 60% para serem divididos entre os seis filhos e a enteada, e outros 10% a dois netos, filhos de Sandra Regina, morta em 2006, filha que ele nunca reconheceu. Se Maria do Socorro for reconhecida como herdeira legítima, ela entra na divisão dos 60% com os outros filhos.
Márcia Aoki se casou com Pelé em 2016, quando o ex-jogador já tinha 75 anos. Segundo o Código Civil brasileiro, todas as pessoas acima de 70 anos devem se casar com separação de bens. Ela era a terceira mulher do atleta e o namorava desde 2010. A viúva conheceu Pelé quando estudava administração em Nova York, nos Estados Unidos, na década de 80. Ela é de Penápolis, no interior de São Paulo. Antes de Márcia, Pelé havia sido casado duas vezes: com Rosimeri Cholbi e com a cantora Assíria Nascimento.