Afastado da TV desde 2014 e lutando contra o Parkinson, Manoel Carlos, de 91 anos, deixou uma importante missão para a filha. Responsável por criar tramas de muito sucesso como História de Amor (1995), Por Amor (1998), Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003) e Páginas da Vida (2006), o veterano convocou Júlia Almeida para ficar responsável por seu legado.
De acordo com a coluna Play, do jornal O Globo, Manoel Carlos incumbiu à filha a tarefa de cuidar da produtora Boa Palavra, fundada por ele com a mulher, Elisabety. A atriz tem organizado mais de sete mil caixas com sinopses inéditas e livros. “Ele quer que o trabalho dele continue para as outras gerações”, contou.
Júlia Almeida entregou que o pai mora em um apartamento na zona sul do Rio de Janeiro e leva uma vida tranquila há seis anos, desde que descobriu a doença. “É uma doença tratável. Ele está muito bem assessorado por médicos e tem acompanhantes. Está sendo cuidado direitinho, tem minha mãe ao lado dele. Ela se aposentou junto com ele. A partir daí, me deram essa missão, que estou assumindo com muita responsabilidade e amor. O que ele quer mesmo é que o trabalho dele continue para as outras gerações. Eu entendi o que foi passado para mim”, revelou.
A filha de Manoel Carlos conta com a ajuda de uma pequena equipe para organizar prêmios, fotos e objetos pessoais do autor. “No começo do ano passado, meu pai sentou comigo e explicou que estava aposentado, minha mãe também. Ele quis as coisas dele organizadas. Estava uma bagunça. Fui criada vendo meu pai e minha mãe trabalhando juntos, como parceiros, criando e construindo esse legado”, contou.
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“Minha missão é reunir esses arquivos todos, não só os que já viram, porque tem muita coisa nova, e fazer com que a nova geração tenha acesso à marca do Manoel Carlos. Ele está deixando um legado muito importante para o nosso país, não só para a história da televisão brasileira, mas para todos nós”, continuou.
Júlia Almeida avaliou que Maneco é responsável por dar uma certa característica ao tipo de carioca que ele sempre retratou em suas novelas. “Essa coisa que ele criou de colocar a Bossa Nova junto com o Leblon. Ele mudou a estrutura do bairro. Até hoje é tão misterioso o porquê das Helenas… Tem as histórias das famílias, as causas sociais em todas as novelas. Minha missão é trazer isso para o universo de hoje”, explicou.
Para quem não sabe, Manoel Carlos acumula tragédias na vida pessoal. O autor perdeu o primeiro filho, Ricardo, em 1988, por complicações do HIV. Em 2012, morreu Manoel Carlos Júnior depois de sofrer um ataque cardíaco. Em 2014, faleceu o caçula Pedro Almeida, aos 22 anos, de mal súbito. O escritor ainda tem duas filhas, a roteirista Maria Carolina e a atriz Júlia Almeida.
