Sérgio Mamberti, de 82 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira (3) em São Paulo de falência múltipla de órgãos. O ator estava internado em um hospital da rede Prevent Sênior, na capital paulista. Carlos Mamberti, filho do artista, confirmou a informação.
Mamberti estava intubado na unidade hospitalar com uma infecção nos pulmões. Em julho deste ano, ele havia sido hospitalizado para tratar de uma pneumonia e chegou a ficar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após 15 dias, se recuperou e teve alta.
Sergio Mamberti nasceu em Santos (SP), em 22 de abril de 1939. Ator e diretor com carreira de sucesso nos palcos e na TV, foi um intérprete eclético, ligado ao fomento das atividades teatrais desde fim dos anos 1960. Na televisão, fez sucesso como o mordomo Eugênio, na novela Vale Tudo, da Globo, e na série infantil Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, onde interpretou Dr. Victor.
Seu último trabalho na TV foi na sitcom Eu, Ela e um Milhão de Seguidores, do Multishow, na TV paga, em 2017. Recentemente, foi visto na reprise da novela Flor do Caribe (2013), na faixa das 18h da Globo, onde viveu o vilão nazista Dionísio Albuquerque.
Sérgio Mamberti lançou biografia
Em maio, Sérgio Mamberti dividiu detalhes sobre sua vida privada na biografia Senhor do Meu Tempo, escrita em parceria com o jornalista gaúcho Dirceu Alves Jr. O exemplar narra, em primeira pessoa, a trajetória de vida e artística do ator, além de traçar um panorama sobre como arte e política caminham juntos. Ele conta detalhes da perda da primeira mulher, a atriz Vivian Mahr, mãe de seus três filhos, que morreu aos 37 anos, e a recente partida do companheiro, Ednardo Torquato, depois de quase quatro décadas de casamento. “O impacto que senti com a partida dela foi muito forte. Por outro lado, senti um grande alívio. Os dois últimos anos haviam me afetado profundamente, como também foram marcantes na vidados meninos”, conta o ator.
“Afinal, não é fácil ver a mãe tão doente, definhando a cada dia. Acho que, intuitivamente, Carlinhos e Fabrício [os filhos] também sabiam que, em pouco tempo, ela não estaria mais conosco. ‘Meus filhos, agora o barco é só nosso, daqui pra frente, a gente vai ter que tocar a nossa vida’, eu disse em uma longa conversa com eles”, conta Mamberti na autobiografia. Vivian morreu em janeiro de 1980 por decorrência de problemas causados por insuficiência cardíaca, após 18 internações.
Sérgio Mamberti falou também sobre seu papel mais conhecido nas novelas, o mordomo Eugênio, de Odete Roitmann, interpretada por Beatriz Segall na novela Vale Tudo. Foi pro causa de seu papel na novela Brilhante, que acabou não sendo uma boa experiência, que surgiu o convite do autor Gilberto Braga para o personagem. “Foi com Vale Tudo que senti pela primeira vez uma virada radical na minha carreira em termos de popularidade. O Eugênio se transformou em meu alter ego”, conta.
O ator nunca negou sua bissexualidade. Na primeira metade da década de 1980, ele conheceu Ednardo Torquato, com quem viveria uma relação de 37 anos. Eles foram morar juntos em 1985 e nunca mais se separaram, até sua morte, em 2019. “Ed, meu companheiro querido, nos deixou muito cedo. Pela segunda vez, tive de experimentar a mesma ausência sofrida com a partida de Vivian, em 1980. Sei que nunca vou me recuperar dessas duas perdas, mas a vida exige coragem e esperança para seguir em frente”, diz o ator no livro.