Intérprete de Corina em No Rancho Fundo, trama das 18h da TV Globo, Isis Broken revelou que ela e o marido foram alvos de transfobia quando se tornaram pais de Apolo, de dois anos. A artista e o rapper Lourenzo Gabriel, conhecido como Aqualien, gestaram o bebê da forma tradicional, e pelo fato dos dois serem transexuais, as tratativas do hospital foram tomadas em meio a muita angústia e constrangimento.
Em entrevista ao portal F5, da Folha de S.Paulo, a atriz da Globo contou que o marido passou por muitas situações difíceis quando estava perto de dar à luz. “A gente sofreu transfobia muito forte. As clínicas que frequentávamos no SUS [Sistema Único de Saúde] de Sergipe eram lugares extremamente opressores, indignos. Não éramos validados, nossos corpos eram assediados. Lembro que liguei para 13 clínicas no meu estado e, quando falava que meu marido havia engravidado, desligavam na minha cara”, lamentou.
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Isis Broken contou que as pulseiras do marido no hospital ainda constavam o nome de batismo, sendo que atualmente é muito comum que estabelecimentos usem o nome social para realizar diversos procedimentos. Houve constrangimento também na hora de realizar uma ultrassom. “Uma enfermeira pediu para eu mostrar a vagina. Uma outra nos mandou voltar para casa e esperar o resultado do exame para ver se o bebê ‘estava vivo ou morto'”, revelou.
A atriz da Globo precisou recorrer a denúncias nas redes sociais e também fez um boletim de ocorrência para denunciar o tratamento que ela e o marido receberam. A Secretaria de Saúde de Aracaju disse que orientou os prestadores de serviço e que em nenhum momento negou atendimento ao casal.
As atrizes Nanda Costa e Tainá Müller, também da Globo, se colocaram à disposição de Isis Broken e de Aqualien. Através de ajudas, eles conseguiram se mudar para São Paulo, já com oito meses de gestação, para terem o filho. “Mesmo com tudo isso, queríamos ter o parto pelo SUS, pois era um movimento revolucionário. Era importante que eles abraçassem nossa existência. Amo o SUS, mas o sistema ainda é transfóbico e sistemático”, explicou a atriz.