Bruno Gagliasso abriu o jogo sobre um dos momentos mais decepcionantes de sua carreira na televisão. O ator relembrou a censura da TV Globo ao beijo que gravou com o ator Erom Cordeiro para a novela América (2005). A trama teria o primeiro beijo gay da TV brasileira, e o registro foi gravado, mas a emissora optou por não exibi-lo pouco tempo antes da cena ir ao ar. Através do Instagram, o marido de Giovanna Ewbank falou sobre o momento e contou que até hoje se frustra ao saber que a gravação foi apagada pela líder de audiência.
“Quase vinte anos atrás (sim, meus amigos, 20 anos…), eu estava vivendo o Júnior em América e rolou toda a expectativa do tal beijo gay. Toda novela com personagens LGBTQIA+ tinha essa expectativa. Será que agora vai? E nunca ia… A tal ‘cena do beijo’ foi a minha última naquela novela. Gravamos a cena, ficou bem bonita e eu tinha certeza de que finalmente iria rolar. No último capítulo, Zeca e Júnior em clima de romance, trilha sonora e… CORTA! Pois é… A cena NUNCA foi ao ar. Mesmo gravada, editada, tudo certinho… Nada do tal beijo. Fiquei muito pistola naquela época”, revelou.
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Bruno Gagliasso ainda contou que esperava ver a cena na reprise da novela, que foi ao ar pelo Canal Viva, em 2023, mas se chocou ao descobrir que o registro foi destruído. “Grande engano. Foi aí que eu descobri que deletaram a cena. Não existe nada no arquivo. Como se isso nunca tivesse existido. Falei com um mundo de gente pra ver se conseguiria recuperar, mas nada. Quando lembro disso, ainda fico bem frustrado”, desabafou.
O ator, que fez a postagem em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, avaliou que a representatividade da comunidade na TV evoluiu nas últimas duas décadas. “Sempre gosto de recordar dessa história porque mostra como, apesar dos pesares, evoluímos nesses vinte anos. Beijo deixou de ser um tabu. O casamento igualitário hoje é uma realidade. Casais LGBTQIA+ sentem-se mais à vontade para manifestar seu afeto em público. E acho, de verdade, que a nossa dramaturgia ajudou muito nessa evolução”, declarou.
“Quando nossas novelas naturalizaram o afeto, passamos a também naturalizar na vida real. Beijar, abraçar, assumir um relacionamento não são mais grandes questões. Eu só fico pensando quanto tempo perdemos com essa bobagem”, detonou o ator.
“Quanta gente sofreu porque não via seus amores representados na telinha. Quis trazer novamente essa história na semana do Orgulho LGBTQIA+ para celebrar os avanços dos últimos anos. Ainda existem muitos desafios, muita gente tosca (e criminosa) por aí, mas também há evolução e conquistas. Hoje, aquela história do Zeca e do Júnior seria completamente diferente. E o tal beijo nem seria grandes coisas. Ainda bem!”, concluiu Bruno Gagliasso.