As mudanças no departamento esportivo da Globo no próximo ano não vão ficar restritas ao Esporte Espetacular. A emissora também promoverá uma reformulação na linha editorial do Globo Esporte, que é visto como um programa problemático na imensa maioria das afiliadas da rede. Apesar de ser líder isolado de audiência no Painel Nacional de Televisão, o noticiário esportivo da hora do almoço tem acumulado derrotas para as rivais em cidades estratégicas e consideradas relevantes para os executivos do canal, como Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Fortaleza e Goiânia. O único elemento que não deve ser modificado, por razões óbvias, é o nome da atração.
A reportagem do TV Pop apurou que o canal dará mais liberdade para que as afiliadas preencham o Globo Esporte com os conteúdos que acharem mais convenientes para aquela região. A Agência GE, responsável pela geração das reportagens nacionais, continuará existindo, mas com menos imposição diante das escolhas regionais. A tendência passa por uma modernização e popularização do formato, que deverá virar “mais Jogo Aberto” e menos telejornal.
Nos últimos anos, não foram poucas as tentativas de afiliadas em acabar com a exibição do programa esportivo. Na maioria das cidades, a atração tem menos público que o telejornal local do meio-dia e derruba os índices do Jornal Hoje, provocando um efeito cascata que se estende até o início do Vale a Pena Ver de Novo. São poucos os locais em que a atração tem mais público que os jornalísticos da hora do almoço — Brasília e Rio de Janeiro, por exemplo. Em 2020, a Globo chegou a testar a inversão do Praça TV com o esportivo em Salvador e Goiânia por algumas semanas, mas voltou atrás depois de ver que a audiência havia caído ainda mais nas duas cidades.
O fim do Globo Esporte não é cogitado pela direção da líder de audiência. Até mesmo a possibilidade de transformar o tradicional programa em um quadro dos telejornais locais, que chegou a ser vista como um caminho sem volta no início da crise sanitária, é vista atualmente como um cenário quase que impossível. A atração, apesar dos problemas, tem papel estratégico na programação, e serve para valorizar a comercialização dos eventos esportivos da rede.
Esporte Espetacular também vai mudar
O jornalista Gabriel Vaquer antecipou na terça-feira (14) que o Esporte Espetacular também será repaginado no início do próximo ano. O dominical ficará ainda mais próximo do entretenimento e terá uma nova linguagem, com reportagens e quadros diferentes do que vão ao ar atualmente. Dentre as novidades previstas, estão a participação de influenciadores que fazem sucesso nas redes sociais com análises esportivas.
Nos próximos dias, os executivos da emissora vão promover reuniões com produtores e repórteres em busca de ideias para o novo formato da atração. A tendência é que as extensas reportagens sobre futebol e esportes em geral percam espaço, já que o programa passará a ter foco no público jovem, que costuma ter aversão a conteúdos com mais de cinco minutos de duração.