José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, relembrou um episódio quase trágico na Globo: a quase explosão da sede da emissora em 1971. Na autobiografia, intitulada de Lado B de Boni, o ex-chefão do canal contou que houve um incêndio na empresa e o que poucos sabiam é que havia uma caixa com bananas de dinamite no prédio.
“O que ninguém sabia é que havia dentro da emissora uma caixa cheia de bananas de dinamite verdadeiras, que poderiam explodir a qualquer momento, destruindo o prédio da Globo. A novela das 20h que estava sendo gravada na época era O Homem que Deve Morrer, e no capítulo final haveria a explosão, que seria feita com essa dinamite em uma cidade cenográfica na Marambaia”, detalhou.
O ex-chefão da Globo relatou que Milton Gonçalves (1933-2022) foi o responsável por resolver. “Pelo regulamento militar, a compra e a guarda de dinamite só poderiam ser feitas oficialmente, e uma pessoa determinada teria que ficar responsável pela guarda e pelo uso. Nesse caso, o responsável era o Milton Gonçalves, diretor da novela”, relatou Boni.
Quando Milton Gonçalves soube do incêndio, foi imediatamente à Globo e informou os bombeiros sobre a existência das dinamites. “O bombeiro acompanhou o Milton Gonçalves e chegaram ao cofre, mas o segredo não funcionava. Tentaram então arrombar com a machadinha do bombeiro, o que também não deu certo. O jeito foi cada um pegar um lado do cofre e arrastá-lo para a rua. Saíram os dois suados, respirando com dificuldade, mas trazendo as ameaçadoras bananas de dinamite”, contou.
“Imediatamente os bombeiros, com jatos de água, resfriaram o cofre. Quando perguntado pelos repórteres que cobriam o incêndio o que o cofre continha de tão precioso, o Milton respondeu: ‘Os scripts que eu vou gravar amanhã. Textos… textos… da novela”, disse Boni em seu livro. “O Milton Gonçalves, um senhor ator e excelente diretor, foi também um herói. Se não fosse ele, em vez de ir para o ar, a TV Globo teria ido pelos ares”, detalhou.