Antonio Fagundes falou de forma sincera sobre o atual momento da TV Globo, que tem investido na produção de inúmeros remakes. O ator, que deixou o canal depois de 44 anos, afirmou que falta investimento na criação de novas obras e também apontou a formação dos atores como a “grande vilã” do entretenimento atualmente. O veterano se mostrou pessimista com a estratégia da empresa em demitir suas principais estrelas para trabalhar apenas por contrato por obra e apontou um possível fracasso com o formato.
Em entrevista no Roda Viva, da TV Cultura, o artista falou sobre a onda de sequências e remakes que acontece no mercado audiovisual brasileiro. “Não sei te dizer o que aconteceu, mas parece que as pessoas pararam de investir na criação. O que aconteceu com a televisão brasileira é uma coisa interessante de a gente observar. Foram décadas de ouro na teledramaturgia brasileira, mas aquilo não surgiu do nada, aquilo foi sendo formado. A própria TV Globo investiu muito, durante décadas, na formação dos seus artistas –e não só na criação de textos, na direção, na produção, nos cenários, nos figurinos, na interpretação”, declarou.
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Antonio Fagundes comentou sobre a construção da nova teledramaturgia feita pela Globo. “Eu passei 44 anos na TV Globo, e eu posso dizer que a minha formação se deve a esse processo de investimento de uma grande empresa em cima dos criadores. Nós não podemos fazer do nada com que isso apareça, não é do nada. O que está acontecendo agora, nós só vamos colher os frutos daqui a 30 anos. Por isso que está tendo essa coisa louca”, opinou.
O ator avaliou que o novo modelo de contrato por obra pode ser um fracasso, já que deu certo por 60 anos. “É claro que eles vão ficar órfãos. É claro que não vai dar certo”, disparou.
Em meio às críticas, Antonio Fagundes ressaltou a importância da TV aberta na atualidade. “A TV aberta é muito forte. Tudo bem que têm outros veículos por aí, mas, por favor, não se desfaça dela. É a mesma coisa que, porque tem internet, a gente queimasse todos os livros. Não, pode conviver, deve conviver. Aliás, são exercícios de leitura diferentes –o que você lê num e-book, você não lê num livro físico. Então, é diferente essa experiência, digamos assim. A gente se desfazer de uma experiência que está dando certo há milênios só porque veio outro veículo é uma burrice insustentável, não consigo entender isso”, comentou.
“Abrir mão da TV aberta, num programa que dá 20% de Ibope… 20% do Ibope é não sei quantos milhões, 40, 50 milhões de pessoas. Não pode jogar fora isso”, continuou.