Filha de Manoel Carlos e responsável pelo acervo do pai, Júlia Almeida admitiu que as novelas do autor eram “muito machistas”, apesar de retratarem muito bem o universo feminino. A atriz, que atualmente tem trabalhado em cuidar das obras deixadas pelo veterano, avaliou que os folhetins criados pelo escritor tinham a missão de expor o verdadeiro comportamento da sociedade na época em que foram ao ar.
“As novelas do meu pai eram machistas, claro que sim. Vivemos ainda em um mundo muito machista. O que nós mulheres temos são todos os direitos, mas o mundo ainda é machista, claro”, declarou ela, que esteve na maioria das tramas escritas pelo pai, em entrevista ao canal da Veja Gente, no YouTube.
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A atriz, no entanto, contou que não pretende levantar bandeiras contra os temas abordados por Manoel Caros em suas novelas. “Eu não sou de ficar levantando bandeira, brigando, mas que temos ali [nossos direitos] tudo bonitinho, nós temos. Agora precisamos às vezes relembrar nossos direitos. É chato? É, mas não vou ficar de mimimi. Agora são, sim, novelas muito machistas”, ponderou.
Júlia Almeida contou que as novelas do pai “têm um olhar muito à frente do tempo para a mulher”. “Ele entende essa coisa de que a mulher precisa de um tempo diferente. Nós mulheres temos um outro tempo mesmo, um tempo onde digerir as emoções, uma outra forma de falar, de se expressar, temos tempo hormonal [diferente]. E isso ele usava nas personagens, mas ele usava muito desse tempo [próprio] da mulher que vem em ondas que são mais emocionais que racionais em uma mulher. Isso eu acho muito bonito da obra dele, porque ele sempre foi muito apaixonado pelo universo feminino”, opinou.
Vale ressaltar que Manoel Carlos escreveu novelas de sucesso da TV Globo como Maria, Maria (1978), Baila Comigo (1981), Por Amor (1997), Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003) e Páginas da Vida (2005). Seu último folhetim foi Em Família (2014).