Alexandre Garcia criticou a forma como a mídia tem agido no combate às fake news, durante uma entrevista ao Pingos nos Is, da Jovem Pan, e declarou que é uma “invenção” para provar que as pessoas precisam ter um pensamento único. “A gente tá vendo que essa história de fake news é uma invenção para carimbar nas pessoas que contrariam aquilo que eles acham que tem que ser o pensamento dogmático, pensamento único. O totalitarismo só funciona com o pensamento único e detesta o contraponto”, declarou.
Demitido da CNN Brasil no fim de setembro após defender uma suposta eficácia de tratamento precoce, ele questionou quem define o que é falso ou não. “Em 50 anos de jornalismo, em 80 anos de vida, eu nunca vi uma situação como essas, em que se estabelece o que é falso e o que não é. Mas quem estabelece?”, perguntou o jornalista, antes de completar com a resposta. “É um personagem de órgão, do [livro] ‘1984’, que estabelece isso. Leu na cartilha, teve a cabeça sequestrada por algum professor e resultou nisso. Infelizmente, é isso que estamos vivendo. E o pior de tudo é o silêncio de muitos que deviam estar defendendo a liberdade de expressão”, justificou.
Alexandre Garcia declarou que o “partidarismo” da imprensa acontece por um “desespero” de não “receber dinheiro do governo”. O comunicador trabalhou na Globo por 30 anos antes de entrar na CNN.
“É resultado de um tipo de desespero, eu acho que é muita gente que perdeu a oportunidade de receber dinheiro fácil do governo através da Lei Rouanet, através de verbas polpudas que compravam muitas publicações, muitas pessoas, dinheiro do BNDES para favorecidos, Caixa Econômica para grandes empresas e agora tá indo para pequenas, dinheiro do Banco do Brasil e, principalmente, da Petrobras”, disse.
“Dinheiro indireto das empreiteiras que superfaturavam para pagar propina e isso cessou. Tem mil dias de abstinência, essa abstinência faz roncar o estômago e as bocas, é uma reação, um desespero. Tem que voltar o que era antes porque antes era mais fácil. Não precisava de talento, não precisava ficar com o que era verdade, não precisava se ater aos fatos”, concluiu.