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PASSARALHO

Globo planeja demissão em massa para terceirizar todo o setor operacional

Jorge Nóbrega é o atual presidente do Grupo Globo
Jorge Nóbrega é o atual presidente do Grupo Globo: conglomerado planeja demissão em massa (foto: Reprodução/TV Globo)

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Os próximos meses reservam fortes emoções nos bastidores da Globo. O conglomerado de mídia, que ainda vive um conturbado processo de unificação interna, caminha para finalizar nas próximas semanas um plano de demissão em massa de todo o departamento operacional de todos os seus canais de televisão, inclusive na TV aberta. O processo é visto como irreversível nos bastidores: ele foi aprovado por todas as esferas executivas, que liberaram a terceirização do setor para produtoras, em uma tentativa de cortar custos da empresa para poder focar em áreas mais estratégicas, como otimizações de tecnologia e modificações na plataforma de streaming do grupo.

A reportagem do TV Pop apurou que o passaralho do departamento acontecerá ainda neste ano, no mais tardar no início de 2022. Internamente, a terceirização operacional tem dividido opiniões, ao ponto do comentário “é a morte do Q de Qualidade” ter se tornado comum pelos corredores dos canais. Muitos funcionários tem se lembrado sobre os constrangedores erros técnicos em coberturas importantes, como a dos Jogos Olímpicos de Tóquio, e recordado que as falhas só aconteceram justamente pela tentativa de ter menos profissionais atuando nos bastidores, também em uma tentativa de cortar custos, fazendo com que um mesmo funcionário trabalhasse durante várias horas.

A transferência do setor operacional para produtoras não chega a ser uma novidade propriamente dita no mercado televisivo brasileiro. Há vários anos, a Record ensaia o desmonte do departamento, mas nunca o fez completamente por receio de sofrer represálias do Sindicato dos Radialistas, responsável por assegurar os direitos da categoria que trabalha nas funções — como operadores de teleprompter, operadores de GC, câmeras, sonoplastas, dentre outros. Porém, vários programas já foram entregues para terceiros, como A Fazenda e toda a produção de dramaturgia.

Desde a sua fundação, a CNN Brasil também não tem um setor operacional internalizado. O canal de notícias deu o controle do departamento para a Casablanca, que nunca havia atuado na administração do cotidiano diário de uma emissora de televisão. Até hoje, quase dois anos depois do lançamento da grife no país, a qualidade técnica da rede é precária: erros acontecem com frequência e costumam irritar os apresentadores, muitos deles acostumados com os padrões de qualidade impostos justamente pela Globo.

Por conta do Padrão Globo de Qualidade, visto como um elemento obrigatório para trabalhar em qualquer veículo da líder de audiência na televisão aberta, sempre existiu uma grande cobrança para que os profissionais do setor técnico fossem praticamente perfeitos. Erros, como a bizarra confusão que colocou o logo do Domingão do Faustão durante o encerramento do programa de Luciano Huck, eram intoleráveis e culminavam com demissões por justa causa.

Com a terceirização, a tendência é de que falhas aconteçam com mais frequência, já que dificilmente um profissional será apenas prestador de serviços da Globo — com o procedimento, os salários tendem a ser menores do que agora. Por sinal, os vencimentos dos atuais colaboradores desse setor já são ruins. Em São Paulo, a emissora paga pouco mais do que o piso salarial para os funcionários da categoria.

Nos bastidores, apresentadores e repórteres estão em pânico com a novidade, que já é ventilada abertamente. Muitos temem que episódios envolvendo vazamento de conteúdos controversos, como a bronca de Christiane Pelajo durante um problema técnico na GloboNews, vazem para a imprensa e para as redes sociais com mais facilidade, e já avaliam formas de se blindar dos futuros novos colegas de trabalho. É bem provável que âncoras encarnem robôs quando não estiverem no ar, sem fazer nenhum tipo de brincadeira ou comentário com a sua equipe, justamente para minimizar as chances de ter vídeos fora de contexto tornados públicos sem consentimento prévio.

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