Gloria Vanique, ex-contratada da Globo, enfrentou um desafio durante uma cobertura jornalística em São Miguel Paulista, em São Paulo. O incidente aconteceu enquanto ela documentava um carro em chamas às margens do Rio Tietê. A equipe buscava entender as causas do incêndio do veículo, mas a situação se complicou.
“Na época, fiz um projeto pelo Rio Tietê, chegou na região de São Miguel Paulista, vindo pelo rio e lembro que a gente parou para fazer uma entrada ao vivo no jornal, a gente viu uma fumaça, fomos ver e era um carro pegando fogo”, disse.
Ao se aproximarem do incidente, Gloria Vanique e seu cinegrafista decidiram investigar mais a fundo. Guiados por crianças da comunidade, eles acabaram entrando em uma área desconhecida, onde o tráfico de drogas era prevalente. “Na hora que você está em bairro periférico, com a criançada na rua, ela vem em volta, quando viram que a gente queria chegar [onde estava o carro queimado], eles [falaram] ‘é por aqui, tia'”, detalhou.
“A molecada ‘vem por aqui’, e nós, inocentes que fomos, entramos atrás deles, só que entramos no miolo da favela, e estava rolando tráfico de tudo e mais alguma coisa. Eu me lembro que o traficante gritava: ‘Não entra que aqui é osso’. Falei: ‘Para frente nós não vamos, vamos voltar’. Na hora que a gente deu o passo para voltar, tinham dois [traficantes] atrás armados com fuzis”, contou.
A ex-jornalista da Globo contou com a intervenção de uma moradora local. Ela permitiu que a equipe filmasse o carro, desde que não registrassem o rosto de ninguém da comunidade. “Nós entramos, um cara na frente e outro atrás, armados. Fomos, filmamos e fizemos a passagem e fomos embora. Um dos traficantes falou ‘agora vocês vão voltar por outro caminho’. Eu [pensei] ‘o caminho de Deus'”, disse. “E eu ouvi absolutamente de tudo naquele trajeto, de ‘puta a gostosa’. Na hora que saímos, falei para o cinegrafista ‘meu irmão, em que a gente se meteu?’. Mas graças a Deus conseguimos sair e saiu a matéria”, detalhou.