Demitido pela Globo em fevereiro, Mauro Mendonça Filho criticou a falta de investimento em adaptações literárias. O diretor de Amor à Vida (2013) e Gabriela (2012) atribuiu essa carência a produção de conteúdos superficiais e repetitivos no setor audiovisual nacional.
O executivo destacou a importância de investir em “tramas de época” e elogiou a Netflix pela adaptação de Cem Anos de Solidão, baseada na obra de Gabriel García Márquez (1927-2014), ressaltando que o risco financeiro assumido pelo serviço de streaming valeu a pena. “A adaptação de Cem Anos de Solidão escancara o absoluto descrédito do audiovisual brasileiro pela própria literatura”, escreveu ele em suas redes sociais.
O ex-diretor da Globo criticou a alegação comum de que histórias de “época não performam”, considerando um álibi para produções superficiais que buscam apenas sucesso imediato. “A alegação de que ‘época não performa’, no fim das contas, é o álibi perfeito para o engajamento no superficial, sob a eterna justificativa de que o sucesso é algo urgente a ser conquistado, como se nunca tivesse sido”, sinalizou.
Mauro Mendonça Filho entrou na Globo em 1984 como editor na novela Partido Alto, de Aguinaldo Silva e Gloria Perez. Em 1988, começou como assistente de direção da novela Vale Tudo, de Gilberto Braga. Dois anos depois, já assinava como diretor a minissérie A.E.I.O. Urca, de Doc Comparato e Carlos Manga. Em 1995, assinou a primeira direção-geral, no especial A Comédia da Vida Privada.
Desde o começo de sua carreira na televisão, participou da concepção de trabalhos como O Dono do Mundo (1991), Renascer (1993), Toma Lá Dá Cá (2005) e Negócio da China (2008). Em 2014, foi promovido de diretor de novelas, para ser diretor de núcleo. Em 2012, ganhou o Prêmio Emmy Internacional, pelo remake O Astro (2011). Em 2016, ganhou novamente o Prêmio Emmy Internacional, pela trama escrita por Walcyr Carrasco, Verdades Secretas.
