Contratado há exatamente um mês, Leandro Cipoloni iniciará oficialmente nesta segunda (6) a maior revolução do telejornalismo do SBT nas últimas duas décadas. Nas próximas horas, a equipe da emissora será formalmente alertada de uma série de demissões no departamento, que vão atingir principalmente nomes que estão no canal desde os seus primórdios. Os desligamentos vão acontecer para viabilizar a chegada de uma série de novos nomes, tirados da Record e dos principais canais de notícias do país, para atuar na linha de frente da reformulação do departamento.
A reportagem do TV Pop apurou que as principais novas contratações são para ocupar a chefia de Redação, que conta atualmente com Cilene Frias e Mônica D’Alfonso. As duas serão trocadas por Mariana Ferreira, atual diretora de Jornalismo da Jovem Pan, e Caio Piccolo, que era um dos diretores do Domingo Espetacular até o final do ano passado. Em comum, ambos tem extensas passagens pela Record em seus currículos, tal qual Cipoloni — os dois trabalharam na rede durante 17 anos, com ela sendo responsável pelo auge do Cidade Alerta e ele pelo Balanço Geral.
Piccolo foi dispensado pela concorrente do SBT em dezembro de 2024, em meio ao passaralho promovido pela Record para equilibrar as finanças da emissora depois da compra do Brasileirão. Mariana deixou a emissora antes, em março de 2020, depois de discordâncias com a diretoria do canal sobre a linha editorial do Cidade Alerta. Decisões controversas, por sinal, fazem parte da trajetória profissional da jornalista: na Jovem Pan, por exemplo, ela foi responsável por exigir a exibição de um vídeo de estupro, sem nenhum tipo de desfoque, no principal jornal da rede.
Depois que deixou a Record, Mariana Ferreira chegou a atuar em outras duas emissoras antes de trabalhar no canal de notícias. Ela se transferiu primeiramente para o próprio SBT, trabalhando como chefe de reportagem do matinal Primeiro Impacto, até então comandado por Dudu Camargo. A passagem pela rede durou apenas cinco meses. Depois, ela começou a dar expediente na CNN, em que ficou por pouco mais de um ano, até acertar com a Jovem Pan, inicialmente como editora-chefe — ela deixa o canal sendo a principal executiva da operação televisiva da empresa.
Mais nomes serão anunciados pelo SBT nas próximas horas
O TV Pop apurou que o pacotão de mudanças no Jornalismo da emissora fundada por Silvio Santos (1930-2024) não ficará restrito aos dois: a contratação de diversos outros jornalistas, todos para ocupar cargos de chefia na estrutura do departamento, também será anunciada ao longo desta segunda-feira. Dentre os novos funcionários do SBT, está o jornalista Bruno Laforé, que era editor-chefe do matinal CNN Novo Dia até a última sexta-feira, dia 3 de janeiro. Em uma rede social, ele fez uma extensa publicação se despedindo do canal de notícias.
“Estive na CNN Brasil desde o primeiro dia e foi um honra ter feito história ao lado de tantos que passaram por esta equipe ao longo de cinco anos. Juntos, transformamos o mercado de canais de notícias do país. Depois de três eleições, uma pandemia, duas olimpíadas, algumas guerras e inúmeras coberturas especiais, deixo a emissora com a sensação de dever cumprido. Saio muito maior do que entrei e cheio de boas memórias e bons amigos”, anunciou ele, que antes da CNN trabalhou na Record entre 2015 e 2019, tendo sido chefe de reportagem do Jornal da Record.
Internamente, as mudanças feitas por Leandro Cipoloni tem sido comparadas aos ajustes exigidos por Ana Paula Padrão quando foi contratada pelo SBT há quase duas décadas, em 2005. Ao se transferir da Globo para o canal do homem do Baú, a então âncora do Jornal da Globo determinou uma série de reformulações no Jornalismo da emissora, e não apenas no telejornal que seria comandado por ela, o SBT Brasil. A agora ex-apresentadora do MasterChef reivindicou a contratação de jornalistas renomados, além de melhorias em estrutura e na programação do canal.
Ana Paula conseguiu ter seus pedidos atendidos e chegou a ter a carta branca prometida por Silvio Santos, mas acabou esbarrando no forte temperamento do empresário, que pouco depois da estreia da âncora passou a fazer diversas mudanças de horário do SBT Brasil. A jornalista ficou no jornalístico por pouco mais de um ano, até que pediu para ser remanejada para outro projeto, o SBT Realidade — formato com grandes reportagens especiais. O programa ficou no ar durante dois anos, até que Ana Paula acertou a sua transferência para a bancada do Jornal da Record.
Diferentemente de Ana Paula Padrão, Cipoloni não terá que lidar com a instabilidade do homem do Baú, morto em agosto do ano passado. Ao menos até o momento da publicação deste texto, sua carta branca continua sendo, de fato, branca. Nenhum dos pedidos feitos pelo executivo desde a sua contratação foi recusado, algo raríssimo para os padrões do SBT. Ele, por sinal, já estuda fazer modificações também na ancoragem dos telejornais da rede e no comando do Jornalismo das filiadas do canal depois que encerrar a primeira leva de mudanças na Redação de São Paulo.
O SBT, procurado pela reportagem do TV Pop, disse não comentar assuntos internos.