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Presidente de sindicato acusa Globo de perseguição e esclarece veto a influenciadores

Hugo Gross deu detalhes ao TV Pop de problemas que teve com a líder de audiência nos últimos anos

Foto de Hugo Gross, presidente do Sated-RJ, fiscaliza a Globo
Hugo Gross, presidente do Sated-RJ, moveu ação contra a Globo (Foto: Divulgação)

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Responsável pela regularização do trabalho dos atores no Rio de Janeiro, Hugo Gross deu uma entrevista exclusiva ao TV Pop sobre o papel do sindicato em relação ao trabalho artístico nos tempos atuais. O profissional abriu o jogo sobre a escalação desenfreada de influenciadores em produções do audiovisual, um tópico que chegou a impor proibições em relação à TV Globo nos últimos meses. O presidente do Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro) também falou sobre o processo que moveu contra a líder de audiência, alegando uma suposta perseguição da emissora ao seu trabalho. Ele afirma que deixou de ser escalado para trabalhos na emissora carioca desde que passou a regulamentar o trabalho dos atores no estado.

Confira a seguir a entrevista com Hugo Gross:

Recentemente, alguns influenciadores e famosos foram barrados de participarem de produções na TV, como a Narcisa Tamborindeguy, que é um nome recorrente da mídia. Antigamente, essas figuras eram comuns em humorísticos, como o que a Globo lançará em breve [chamado Tem Tudo, e estrelado por Fabiula Nascimento]. O que motivou a proibição dela?

Então, a Narcisa, eu não tenho absolutamente nada contra nenhum influenciador, a gente está aqui para legalizar, para colocar a lei de quem realmente tenta burlar. A gente tem vários atores que podem estar trabalhando e estão precisando. [Eles] estudaram, se dedicaram e a gente tem por obrigação de defender o registro profissional. Então, no caso da Narcisa, ela é uma pessoa muito querida, mas não é nada contra ela, até porque ela já é mais antiga [carreira]. Só que, por que a emissora, em vez de contratar uma pessoa com registro, quer contratar uma pessoa que não tem registro, não é verdade? Por quê?

Agora, recentemente, também negamos [registro] da Patrícia Ramos. Quem é Patrícia Ramos? Ela esteve no sindicato com uma carteira dizendo que era atriz, quando eu vi ela era. Foi constatado que ela era figurante, então, ela é figurante e ela tem 5 milhões de seguidores, aí as pessoas colocam ela no lugar de uma atriz que estudou, que deu a sua alma, que passou o chapéu. Não é justo fazer isso, porque ela tem 5 milhões de seguidores, porque ela diz que é isso, é aquilo, vamos dar um conselho. Assim, cara, é desonroso, é desleal, é desumano essa atitude. E o sindicato existe para defender o trabalhador da arte, mas nada contra nenhum influenciador. São profissões isoladas, são profissões paralelas. Então, assim, quer ser ator, vai estudar arte cênica, simples.

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O etarismo se tornou um tema bastante discutido nos últimos tempos. Como o sindicato tem se movimentado para motivar as empresas a contratarem atores mais velhos para as suas produções?

Infelizmente, isso está muito comum e a gente vem pedindo [para escalarem], a gente não pode obrigar. Infelizmente, o país não tem essa lei que obrigue a valorizar o ator antigo, o idoso. Infelizmente, as emissoras de televisão e peculiar, a TV Globo, ela pega esse ator que se dedicou plenamente, que deu muito lucro pra ela, e depois não funciona mais, ela bota pra escanteio. Isso é triste. Eu sofro isso. Eu sofro isso, eu tenho que batalhar. Eu batalho pra tentar fazer novela. É muito triste a gente ver isso, essa panelinha que se forma, principalmente contra o idoso. O idoso esse que sempre lutou, sempre se dedicou, fez o público rir, chorar, e hoje está esquecido. A gente enxerga isso. É muita tristeza e a gente perde sempre, porque eu não posso obrigar. Então, a gente tem uma CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), e dentro da CCT a gente vai tentar fazer algum acordo para que o idoso seja realmente valorizado novamente e seja escalado.

Saiu na imprensa a notícia de que Hugo Gross processou a Globo por uma possível perseguição devido à sua atuação no sindicato. Em que pé anda a ação?

Eu realmente processei a TV Globo. Estou processando. Eu ganhei, inclusive, uma tutela antecipada para eles me colocarem para gravar. Mas aí é nítida essa perseguição por eu fazer parte de um sindicato. Eles acham que eu ia lá fiscalizar o horário, a limpeza, a alimentação. Eles acham que eu ia falar sobre o direito autoral. Eles têm que ser discutidos. Eles têm que respeitar o trabalhador. Muitas pessoas têm medo de ter essa posição, de falar da panelinha que tem lá. É desumano. É antiético.

Eu antes levei um ano e meio pedindo e eles prometendo no cargo. Era Ricardo Waddington [antigo diretor de Dramaturgia]. ‘Não, nós vamos escalar’. Inclusive, pediram pra deixar a barba crescer. E depois não escalaram. Sempre com mentiras, como estão mentindo no processo. Sabe? Então, assim, é um direito meu.

A Globo é uma empresa maravilhosa, é uma empresa séria, mas que, infelizmente, tem um grupo de pessoas que pensa diferente. E é um nicho muito pequeno. Que é o diretor geral, que eu tenho esse entendimento, que é o outro diretorzinho. Então, assim, essa coisa é pequenês. Porque ela sempre foi campeã de audiência. É notório que hoje, você vê com o influencer, com essa didática, com esse novo pensamento, o Ibope tá caindo, na verdade. Então, assim, infelizmente, eu não queria chegar a isso. Mas é um processo amigo. É, eu entendo assim.

Rafa Vitti, um dos atores mais requisitados da TV, não possui registro de ator. Como alguns artistas conseguem driblar os olhares do sindicato e garantirem trabalho, sem a urgência de regularizarem o próprio ofício?

Tive o prazer de conhecer o Rafa Vitti. Ele não tinha registro e a Globo foi dizer que ele tinha registro, um diretor chegava e dizia que não, ‘inclusive ele vai aí pra te mostrar’, sempre mentindo. E se a gente não cutuca, se a gente não faz, se a gente não escuta as denúncias que muita gente liga, muita gente nos procura, estava aí mais um sem registro. É um garoto maravilhoso, inclusive eu trabalhei com o pai dele, o João Vitti, que é um cara muito bacana, mas ele é extremamente simples, humilde e ele chegou e falou cara: ‘Eles me escalaram e, assim, uma hora falaram que eu pedia e não pediram’. Na época do Edmundo Lopes, diretor, ele fazia isso, fazia isso a torta e a direita, porque o presidente deixava, era de risadinha, tapinha no ombro. Esse cara chamado Edmundo Lopes, que é um diretor que eu acho que ele tá em outro setor agora, mas ele que cuidava dessa área.

Então assim, infelizmente, o garoto não tinha. Foi pedido autorização para ele e ele já fez vários trabalhos e nenhum trabalho dele foi pedido autorização. É um erro da emissora da TV Globo, porque realmente ela não está preocupada em respeitar, em ter respeito pelo ator, pela profissão artista. Ela pensa no lucro dela no final. A respeitabilidade pelo registro profissional é zero. Ela não quer saber tanto é que vem escalando a influência, vem fazendo coisas que não são corretas.

E ele não tinha, ele apareceu no sindicato, foi cedido agora para ele um registro provisório, pela história dele mesmo. A gente fez reunião [com] José Cisneros, que é um diretor lá, premiadíssimo de teatro, e teve esse entendimento. Mas a gente está aqui não é para demandar, não é para brigar, é para fazer-se cumprir a lei. A lei. É para fazer-se respeitar a Lei 6533-78 [que regulamenta as profissões de artistas e técnicos em espetáculos de diversões], e respeitar a CCT, que é mais importante isso.

O TV Pop buscou a Globo para obter um posicionamento sobre as declarações da TV Globo através de email e mensagens de WhatsApp, mas não obteve respostas. O espaço segue aberto para manifestação.

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