A Globo se movimentou acerca da possibilidade do Brasil sair vitorioso no Oscar 2025 e comprou os direitos de transmissão do evento, que será exibido no dia 3 de março. O país é representado pelo filme Ainda Estou Aqui (2024), que fala sobre os horrores da ditadura na vida de uma família de classe média. A rede escalou Maria Beltrão para comandar a transmissão, mas parte do público se revoltou com a decisão. O problema é que a jornalista é filha de um ministro signatário do Ato Institucional Número 5, que estabeleceu regras autoritárias e rígidas durante o regime.
O pai de Maria Beltrão é Hélio Beltrão (1916-1997), ministro do ditador Costa e Silva (1899-1969) e um dos signatários do ato que institucionalizou a censura, tortura e morte de opositores do governo. Um dos opositores que foram torturados e mortos durante o AI-5 foi Rubens Paiva, o homem que é retratado no filme de Walter Salles. O longa mostra a história do desaparecimento do político e da luta da mulher dele, Eunice Paiva, para conseguir reerguer a família e seus cinco filhos, incluindo Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que originou o filme.
Elenco faz denúncias e Beleza Fatal se torna alvo do sindicato por “irregularidades”
Luciano Huck relembra bombardeio durante gravação de documentário com Zelensky
Hélio Beltrão também atuou no governo de João Figueiredo, um dos presidentes do regime militar. Irmão de Maria, Hélio Coutinho Beltrão, é presidente do Instituto Mises Brasil, uma instituição que defende o pensamento libertário de direita e os movimentos paleolibertários e anarcocapitalistas nos Estados Unidos e que serviu de inspiração para grupos como MBL e políticos como Javier Milei, presidente da Argentina. Nas redes sociais, a escalação de Maria Beltrão para cobrir um Oscar tão importante para o Brasil soou incoerente.
“E a TV Globo que escolheu a filha de um dos signatários do AI-5 para apresentar o Oscar que pode premiar Ainda Estou Aqui. Escárnio”, disparou um usuário chamado Ricardo Pereira, no X. “E escárnio dos grandes, viu?! Ódio e nojo à ditadura e a todos que passam pano para ela”, emendou um rapaz chamado Rodrigo. “Milagre alguém comentar sobre este assunto, concordo em gênero, número e grau com você, principalmente porque dificilmente a fruta cai longe do pé”, postou Sérgio. “O irmão dessa desquerida é um reaça dos brabos”, afirmou San.