PERSEGUIÇÃO

Hostilizado em público, William Bonner evita sair para não “estragar” viagem das pessoas

Jornalista revelou que evita viajar e ir a shows para não lidar com xingamentos

Foto de William Bonner no Altas Horas
William Bonner participou do Altas Horas (Foto: Reprodução/TV Globo)

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William Bonner detalhou como tem sido sua vida pública desde que tensões políticas se intensificaram no país nos últimos anos. O âncora do Jornal Nacional participou do programa Altas Horas, que foi ao ar no último sábado (22), e explicou que não pode mais frequentar shows, eventos públicos e até mesmo saguão do aeroporto para que não seja hostilizado e outras pessoas sejam impactadas apenas por sua presença em determinados locais.

Na conversa com Serginho Groisman, o jornalista afirmou que se tornou alvo de muita intolerância apenas por passar notícias em rede nacional. “Se você só tem contato com quem concorda com você, quando alguém discordar de você, haverá um enorme estranhamento. Até aí está tudo bem. O problema é que estimulou-se todo mundo a transformar o estranhamento em hostilidade”, iniciou.

“Quem pensa diferente de você, passa a ser seu inimigo –essa é a lógica das redes sociais. Se o mundo não acabar, em algum momento a humanidade perceberá que isso está acontecendo. É só examinar o que acontece, as pessoas ficaram muito intolerantes”, continuou.

William Bonner citou momentos em que a polarização política acabou criando conflitos com a imprensa. “Eu era hostilizado naquela época muito pela esquerda, porque o noticiário desagradava a esquerda. Aí teve um momento em que a direita começou a crescer no Brasil, também fazendo um discurso contra a imprensa, porque a direita tem esse discurso anti-imprensa. Não apenas no Brasil, no exterior também, para descreditar a mídia e fazer você acreditar na tia do WhatsApp”, criticou.

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O âncora do Jornal Nacional afirmou que já foi detestado pelos dois lados políticos. “Aí, foi um pouco complicado, porque o lugar em que eu moro no Rio de Janeiro, se eu saísse para o lado direito, eu era hostilizado pelo pessoal da esquerda. Se eu saísse pelo lado esquerdo, eu era hostilizado pela direita”, comentou. “Passou um tempo, o pessoal da esquerda deu uma marinada, e o pessoal da direita ficou mais raivoso”, acrescentou.

“Houve um tempo em que, quem não gostava de você, passava longe. Hoje em dia, quem não gosta vai até você, segue você nas redes sociais, se bobear cospe em você e xinga você na rua. Já fui xingado das mais variadas coisas, mas você cria uma casca”, avaliou.

William Bonner contou que faz questão de ter uma vida fora de casa, mas evita momentos de lazer para não estragar a experiência de outras pessoas. “Hoje eu não deixo de fazer meus exercícios na rua, temendo que alguém ou a esquerda ou a direita vai me hostilizar. Mas eu tenho que dizer: show da Blitz [banda convidada do Altas Horas]? Não vou. Teatro? Não vou. Eu recebo muitos convites, mas porque, qual é o meu temor: se eu for a um teatro e houver um –porque basta um– num teatro, num avião, num aeroporto… Basta um levantar a voz e fazer uma graça com o celular filmando e eu arruino um show, arruino a peça de teatro, eu estrago a viagem de todo mundo”, lamentou.

“Eu prefiro viajar de carro, evito esse tipo de coisa. Mas tem muita gente ainda que está com o coração aberto para escutar o outro, para aplaudir talentos. Enquanto isso houver, haverá esperança”, concluiu o jornalista.

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