A Globo não quer repetir os episódios de Lucas Penteado e Karol Conká na próxima edição do BBB. Temendo uma nova onda de ódio virtual contra os participantes da casa mais vigiada do Brasil, a emissora criou um rígido manual de regras que precisam ser seguidas pelas marcas que anunciarem no formato a partir do próximo ano. Nos últimos dias, as agências de publicidade receberam um documento com quase 300 páginas, com incontáveis oportunidades comerciais para o programa e também com as determinações para as marcas que decidirem ser parceiras da atração.
Em uma tentativa de coibir o linchamento dos confinados, os executivos da emissora não pouparam nem mesmo empresas que patrocinaram o reality show em 2021. A Globo selecionou uma série de publicações feitas pelas marcas nas redes sociais e as dividiu em dois grupos, mostrando o que pode ser feito a partir do próximo ano e que está vetado pela direção. Agora, os produtos e marcas que anunciarem na atração sequer poderão fazer publicações marcando os perfis dos participantes, e tampouco poderão interagir com as páginas de Tadeu Schmidt e do diretor Boninho.
O TV Pop teve acesso, em primeira mão, ao documento distribuído pela Globo para os interessados em patrocinar a próxima edição do BBB. Dentre a série de vetos criados pelos executivos, está a proibição de reprodução de imagens do cotidiano da casa, independentemente da plataforma em que o conteúdo tenha sido capturado (sinal da TV aberta, pay-per-view, Globoplay e Multishow) e, caso queira utilizar fotos e vídeos relacionados ao programa, deverá adquirir um pacote comercializado separadamente, batizado de Imagens do Programa, ainda sem preço definido. Ele, porém, também não dará acesso a tudo que acontecerá no reality: dinâmicas, como festas e provas, que tenham músicas de fundo, não faz parte do pacote e não podem ser utilizadas pelas marcas.
Além disso, o anunciante está proibido de rechaçar polêmicas que aconteçam dentro do programa, como declarações controversas feitas pelos participantes. Se as marcas forem pressionadas pelos telespectadores, a emissora informa que a empresa poderá apenas se posicionar utilizando o seu nome, mas sem fazer nenhum tipo de citação ao Big Brother, seus participantes, ou até mesmo ao nome da Globo. A justificativa? “Polêmicas não são uma questão relativa ao licenciamento do programa”, afirmou a emissora.
Dentre os exemplos considerados como aceitáveis pela diretoria da líder de audiência, estão uma notificação push do PicPay convidando os usuários a “darem uma espiadinha” em tudo que podem pagar com o aplicativo, uma enquete promovida pela Americanas sobre qual teria sido a ocasião em que participantes criaram um jingle para a empresa e interações feitas pelo McDonald’s com a Coca-Cola, já que a rede autorizou “parcerias entre as marcas patrocinadoras que tiverem comprado direitos de licenciamento, desde que ambas tenham a licença”.
Para ilustrar cada uma das proibições (leia a lista completa de vetos mais abaixo, ainda nesta reportagem), a emissora pegou uma série de exemplos que aconteceram na última temporada. Dentre eles, estão uma publicação da Avon, pedindo para que Fiuk utilizasse protetor solar (“o anunciante não pode fazer qualquer menção negativa ao participante”), dois conteúdos da Coca-Cola feitos no dia em que Karol Conká se consagrou líder em uma prova oferecida pela marca de refrigerantes (“o anunciante não pode manifestar-se contra ou a favor de fatos ocorridos no programa”) e uma ação da C&A modificando uma imagem de Sarah Andrade na dinâmica ganha ou não ganha (“o anunciante não pode fazer edições na imagem com os brothers”).
A seguir, confira a íntegra do manual de proibições feitas aos próximos patrocinadores do BBB:
1. O anunciante não pode alterar o logo do Big Brother Brasil;
2. O anunciante não pode colocar objetos na mão do RoBBB, alterar o vetor, ou qualquer coisa do tipo que altere a arte original enviada;
3. O anunciante não pode tomar partido de torcida dos participantes;
4. O anunciante não pode manifestar-se contra ou ao favor de qualquer participante, apresentador, direção ou fatos ocorridos no programa;
5. O anunciante não pode manifestar-se contra ou a favor de assuntos polêmicos gerados na casa, como gordofobia e sororidade;
6. Caso o anunciante sofra retaliação ou for atacado pelo público nas redes sociais, pode se posicionar como marca, mas sem nenhuma relação direta ou indireta com o programa BBB e seus participantes. Essa não é uma questão relativa ao licenciamento do ativo;
7. O anunciante não pode fazer associação com ativos do Grupo Globo que não sejam o BBB. Isso inclui a logomarca da Globo, citação da Globo e se posicionar em qualquer assunto envolvendo a Globo;
8. O anunciante não pode tirar prints e fotos de todo ecossistema digital do BBB ou até mesmo filmar ou captar frame do sinal da TV aberta, Globoplay, pay-per-view e Multishow para postar nas suas redes sociais. Para imagens do programa, complemente a compra com o pacote “Imagens do Programa” para uso somente no digital;
9. O anunciante não pode citar nomes e usar imagem do apresentador do programa, dos respectivos co-hosts e convidados do programa, como cantores, elenco da Globo e participações especiais:
10. O anunciante não pode fazer qualquer menção negativa aos participantes, apresentador, co-hosts e convidados não participantes do programa;
11. O anunciante não pode fazer marcação de perfil social dos participantes do reality, apresentador, co-hosts, convidados não participantes e direção do programa sem negociação prévia;
12. O anunciante não pode reproduzir áudios do programa;
13. O licenciamento não prevê Direitos Musicais. Fica, portanto, proibido replicar músicas do programa, bem como filmar e reproduzir momentos do programa que tocam músicas;
14. Fotos do celular da casa não são passíveis de licenciamento;
15. Não fica liberado rebater a transmissão das lives que acontecerão nos perfis oficiais da Rede BBB nas redes sociais do anunciante;
16. O direito de licença adquirido é exclusivo ao cliente, não pode ser repassado a outros anunciantes ou influenciadores. Para o uso de influenciadores na campanha, adquira o pacote “Influenciadores”;
17. O anunciante só pode reproduzir suas ações de conteúdo nas redes sociais a partir do momento em que o GShow e o Rede BBB fizeram a cobertura. Mesmo passando no pay-per-view ou no Globoplay no horário da tarde, a repercussão só poderá ser feita após a cobertura oficial;
18. A peça de comunicação deve SEMPRE focar no conceito e atributo do produto anunciado, mesmo que o produto não esteja na peça. Por exemplo: se uma marca tem o atributo refrescância, poderá usar uma foto dos brothers pulando na piscina como referência. Caso o atributo seja curtir junto e unir os amigos, a marca poderá utilizar um gif dos brothers juntos fazendo uma dancinha;
19. O anunciante poderá produzir peças com uso de imagens dos brothers somente dentro da casa, sendo de momentos editoriais ou da ação de conteúdo do anunciante. Essas peças devem seguir o formato de imagem estática, gif ou vídeo de até 15 segundos. Os conteúdos devem ser publicados apenas nas redes sociais do anunciante e NÃO PODERÃO ser usadas por influenciadores;
20. O anunciante pode usar o nome do brother, mas não pode fazer a marcação de seu perfil social;
21. O anunciante não poderá usar a imagem do participante para tomar partido, torcida ou manifestar-se contra qualquer fato polêmico ocorrido com ele no programa. A imagem do brother não pode ser utilizada como posicionamento, tampouco falas ou pensamentos do participante sobre um assunto ocorrido ao longo do reality;
22. O anunciante não pode fazer edições em imagens com os participantes, de modo a trazer outro sentido do que realmente foi ocorrido;
23. O anunciante não pode fazer quiz, votações e enquetes nas redes sociais que possam interferir na personalidade e estilo dos brothers, de modo a difamar a imagem deles;
24. A imagem dos participantes pode ser utilizada apenas nas redes sociais dos anunciantes — e apenas nos três principais players do mercado.
Para facilitar o entendimento do manual de regras, o TV Pop reproduz a seguir alguns dos exemplos considerados como inadequados pela diretoria da Globo: