Caio Blat questionou como novelas e filmes são vendidos para outras plataformas sem o consentimento dos atores. O intérprete de Benjamin criticou a exibição de Beleza Fatal na Band e afirmou que os profissionais não recebem qualquer valor adicional quando as produções são licenciadas para outros veículos. “Qualquer novela ou filme que já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicar, nem me pagar”, afirmou.
A novela estreou na Band na segunda-feira (10), e o ator reconheceu a importância da obra alcançar mais público. No entanto, ele ressaltou que os profissionais envolvidos na produção não têm participação nos lucros gerados pela revenda do folhetim. A crítica foi feita durante uma entrevista ao programa DR com Demori, apresentado por Leandro Demori, na TV Brasil.
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“Beleza Fatal é uma das primeiras novelas nesse novo formato mais dinâmico do streaming. Faz um sucesso gigantesco. São 40 episódios. Dirigi até algumas cenas. É uma superprodução. Conseguiu pegar grandes atores consagrados que o público conhecia, confia e gosta do trabalho”, destacou Caio Blat. O trecho da entrevista foi divulgado pelo colunista Zean Bravo, do jornal Extra.
O ator explicou que o elenco fez a novela para a Max com o intuito de abrir um novo campo no mercado. Porém, rapidamente, a produção foi vendida para a TV aberta sem qualquer participação financeira dos artistas. “A gente ficou feliz porque quer que ela chegue ao maior público possível, mas a gente não tem nenhum direito, nenhuma participação sobre isso. Trabalhamos para o streaming por um valor, para aqueles assinantes. Agora eles negociam, os direitos todos são deles. Podem revender e reprisar”, criticou.
Caio Blat também apontou como as plataformas de streaming impactam o mercado de trabalho para os atores. “Os atores acabam ficando para trás nessas mudanças de tecnologia. Sem ser no teatro, o ator é peão do sistema de mídia”, afirmou. Ele lamentou a ausência de uma legislação que assegure os direitos dos intérpretes. “Nós não temos direitos garantidos. Não temos uma lei sobre os direitos conexos. Não tenho direito sobre minhas imagens. Qualquer novela ou filme que já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicar, nem me pagar. Os atores não recebem pelos filmes disponíveis nas plataformas, e as empresas de streaming vendendo assinaturas…”
Além disso, Caio Blat também mencionou que apenas os autores e diretores das novelas têm direito autoral assegurado. “Só existe direito autoral para o autor da novela e para o diretor. Os atores só têm os direitos conexos. A nossa imagem, voz e interpretação está presa ali. Só que não existe lei no Brasil de direitos conexos como no México, na Argentina, na Espanha e em Portugal”, completou. Na entrevista, ele também debateu o uso da inteligência artificial no audiovisual. “Estamos batalhando pelos direitos conexos, os nossos direitos de interpretação. E tentando modernizar nossa lei também, de acordo com as transformações que a mídia está tendo”, pontuou.