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Crítica: Tom e Jerry – O Filme é um grande retorno ao passado dos rivais

Tom e Jerry chegam aos cinemas com originalidade e equilibrado retorno ao passado. (foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures)

Se alguém me dissesse no passado que em 2021 eu estaria vendo um filme de Tom e Jerry no cinema, eu não acreditaria. Hoje, eu vim um pouco fora do calendário da coluna de quinta-feira contar um pouco sobre a experiência de voltar à infância assistindo a pré-estreia do novo longa dos famosos personagens de Hanna-Barbera.

Créditos: AdoroCinema
A famosa dupla agora contracena com Chloë Grace Moretz. (foto: Reprodução/Warner Bros. Pictures)

A história de Tom e Jerry – O Filme se passa no Hotel Royal Gate, no coração de Nova Iorque. Lá, Kayla (Chloë Grace Moretz) aproveita uma oportunidade para arranjar um emprego e trabalhar na staff do mega evento de casamento das celebridades Preeta (Pallavi Sharda) e Ben (Colin Jost). Procurando conquistar a confiança do seu novo chefe Dubros (Rob Delaney) e seu supervisor Terence (Michael Peña), sua primeira missão é se livrar de um rato que tenta se hospedar de maneiras não-ortodoxas no hotel e que pode causar uma catástrofe imensa para a reputação do local se for visto pelos hóspedes. Ao trazer como um “controle natural de pragas” o mesmo gato que causou sua demissão do antigo emprego ao atingí-la na rua e derrubar 50 kg de roupas limpas, Kayla tem a vida virada de cabeça para baixo com a briga constante de Tom e Jerry, a qual ela passa a absorver para si também.

Esse não-ortodoxo toma conta do filme com dezenas de referências às animações originais, como os desafios às leis da física: Tom recebendo pancadas e se deformando no formato de objetos como mesas e pianos, Jerry atraído pela essência de queijo em ratoeiras atravessando as orelhas de Tom e aparecendo nos olhos do gato, portas de tamanhos diferentes para os personagens e até o próprio Tom como pianista referenciando o lendário episódio The Cat Concerto, sucesso de crítica e vencedor do Oscar de melhor curta de animação de 1946. Uma das boas sacadas de Tim Story na direção foi tentar unir os traços do passado com o mundo moderno, trazendo interações dos personagens com drones, hoverboards, carros novos e até o Instagram deles — que existe –, além do aconchegante novo lar de Jerry, com direito a banheira e uma TV na parede diretamente proporcionais ao tamanho dele. A releitura de uma invenção com efeito dominó clássico do desenho original também surpreende através dos diferentes ângulos de câmera.

Créditos: AdoroCinema
Instagram do filme aparece despretensiosamente entre cenas. (foto: Reprodução/Warner Bros. Pictures)

O filme tem bastante apoio na sua trilha sonora, com músicas recheadas de batidas fortes e letras com referências de gato e rato, enquanto o score é assinado por Christopher Lennertz, compositor recorrente dos filmes de Tim Story. Alguns vocais de época dos protagonistas, feitos originalmente por William Hanna, Mel Blanc, Frank Welker e June Foray, foram aproveitados no decorrer do filme, mas foram muito mal utilizados. Não foi raro ver o famoso grito de dor de Tom ser usado em cenas sem sentido algum, como ao cair.

Tom e Jerry se mostrou um grande acerto por diversas razões. A Warner não economizou no elenco, com grandes nomes do cinema, e isso deu um ar fresco no conjunto da obra onde simplesmente não parece ser uma produção enlatada para certos territórios onde a animação original foi popular, como aconteceu com Pica-Pau – O Filme. A dublagem brasileira com Mauro Ramos dando voz a Butch, o famoso cachorro, também ficou boa e bem produzida. Para quem achou que Ratinho e Tom Cavalcante estariam no filme, sinto muito em informar que não é o caso. A internet, claro, não perdoou, mas a brincadeira da Warner foi bem pensada — só quem viveu a época sabe que os protagonistas não falam, apenas emitem sons, tanto que, nos créditos eles são assinados como “eles mesmos” e não houve sequer referência nos créditos de dublagem. Por fim, Chloë Grace Moretz e Michael Peña trazem uma atuação caricata, mas bem alinhada.

Créditos de Tom e Jerry – O Filme, no cinema. (foto: Arquivo Pessoal)

Tom e Jerry – O Filme estreia em 18 de fevereiro nos cinemas com cópias dubladas e legendadas. Sessões de pré-estreia já estão disponíveis.

Caio Alexandre é entusiasta de cinema, exibição, animes e cultura pop em geral. Escreve desde 2008 sobre os mais variados assuntos, mas sempre assumiu a preferência pelo cinema e sua tecnologia embarcada. Não dispensa um filme com um balde de pipoca e refrigerante com o boss no fim de semana. No TV Pop, fala sobre tudo que é tendência no universo da cultura pop. Converse com ele pelo Twitter, em @CaioAlexandre, ou envie um e-mail para [email protected]. Leia aqui o histórico do colunista no site.

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