A Globo completa 60 anos nesta semana com mudanças importantes em sua dramaturgia. Pela primeira vez na história, novelas da emissora têm sequência de protagonistas negras em todos os horários e produções em que atores brancos são minoria, como em Volta por Cima. Segundo Amauri Soares, diretor executivo da TV Globo e dos Estúdios Globo, a diversidade se tornou a maior inovação da empresa.
O que você precisa saber
- Globo completa 60 anos com novelas lideradas por atrizes negras;
- Rede investe na formação de autores e diretores de grupos diversos;
- Soares diz que diversidade é motor da inovação no conteúdo;
- Volta por Cima tem maioria de elenco preto pela primeira vez;
- Clara Moneke será protagonista de Dona de Mim, próxima das sete;
- Ele negou que seguirá onda de retrocesso em políticas de diversidade.
O executivo afirma que essa transformação vai além do discurso simbólico. Em entrevista ao Notícias da TV, Amauri Soares revelou que quatro autores negros já estão escrevendo novelas inéditas, sendo eles os titulares dos projetos. Alguns contam com acompanhamento de roteiristas experientes, mas mantêm o protagonismo criativo. “A novela é dele”, afirmou o diretor sobre os novos autores.
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“Alguns jovens titulares vão ter o acompanhamento, o apoio de autores mais experientes. Mas a história é dele, a novela é dele. Será uma ajuda mais com a métrica de capítulos”, explicou. “Então, olha só: autores negros, diretores negros, figuristas negros, maquiadores negros, produtores negros, casting, atores e atrizes negros. Se não for assim, não adianta ter a meta”, pontuou.
Diretor da Globo fala da criação de nova diretoria
Na entrevista, Amauri também destacou a importância da Diretoria de Diversidade e Inovação, criada em 2022, que atua como consultora em todas as áreas criativas. ”Se o autor escreve um personagem negro, eu preciso de um ator negro para interpretar esse papel. As cenas de uma família negra serão mais bem construídas em seus detalhes, nuances, ritmo, falas, se o diretor for negro. Então não adianta ter só a meta. É um processo que envolve todo mundo.”
A emissora já supera metas de diversidade, conforme será demonstrado em relatório de ESG ainda este mês. Hoje, 63% dos cargos de liderança nos Estúdios Globo são ocupados por mulheres. Além disso, há roteiristas, diretores, maquiadores, produtores e figurinistas de diferentes grupos étnicos e de identidade presentes nas principais produções a emissora líder.
Executivo diz que onda de retrocesso não afetará empresa
Sobre críticas de que a Globo teria se tornado “woke” –termo usado para definir instituições socialmente engajadas em diversidade e justiça social–, Amauri Soares disse: “A Globo não vai mudar. A Globo vai continuar sendo a Globo. A gente está mudando muita coisa para a Globo continuar sendo a Globo. Mudança na tecnologia, nos formatos, nos modelos de contratação, para a Globo continuar sendo a Globo. O que é ser Globo? É andar junto, é buscar andar junto com a sociedade.”
Entre os próximos lançamentos da Globo está Dona de Mim, com Clara Moneke no papel principal, que interpretará uma babá negra cuidando de uma criança negra em uma família branca. A obra é apontada como mais um marco na virada histórica da dramaturgia da Globo, que ainda prepara novos projetos com criadores indígenas e ampliará representações LGBT+ nas próximas novelas.