A TV Gazeta de Alagoas, afiliada da Globo controlada pela família de Fernando Collor, omitiu a cobertura da prisão do ex-presidente na última sexta-feira (25), em Maceió. A ordem de prisão partiu do ministro do STF Alexandre de Moraes. Mesmo com o impacto do fato, os telejornais locais da emissora focaram em outros assuntos, como dicas de manutenção de freios e os efeitos de disputas comerciais entre Estados Unidos e China.
O que você precisa saber
- TV Gazeta AL ignorou prisão de Fernando Collor em noticiários locais;
- Emissora focou em temas como manutenção de freios e comércio exterior;
- Prisão só foi informada pelos jornais nacionais da Globo, como JH e JN;
- Globo rompeu com TV Gazeta após escândalos envolvendo Collor;
- Canal entrou na Justiça para manter a afiliação com a Globo;
- Grupo Asa Branca já foi escolhido para assumir o sinal da rede.
Durante o Bom Dia Alagoas, que teve duas horas e meia de duração, a prisão de Fernando Collor sequer foi mencionada. O noticiário chegou a noticiar uma operação da Polícia Federal, mas relacionada à Câmara Municipal de Maceió. A prisão do ex-presidente foi abordada apenas nos telejornais nacionais da Globo, como o Jornal Nacional e o Jornal da Globo, sem participação de repórteres locais da afiliada.
William Bonner abre o jogo sobre aposentadoria do Jornal Nacional
Globo escolhe reprisar novela que levou veto de ex-chefão
Segundo a coluna Outro Canal, da Folha de S.Paulo, apesar de enviar o repórter Amorim Neto para a sede da Polícia Federal, a TV Gazeta não teve participação na cobertura nacional da Globo sobre a prisão. O canal carioca optou por repórteres de Brasília para relatar o caso na TV aberta. Já na GloboNews, a repórter Camilla Bibiano, da CBN Maceió –ligada ao grupo do ministro dos Transportes Renan Filho, filho de Renan Calheiros–, participou da cobertura.
Globo tenta se livrar da TV de Fernando Collor
A relação entre a TV Gazeta e a Globo já atravessava uma crise desde outubro de 2023, quando a emissora carioca anunciou o fim da parceria, em vigor desde 1975. O rompimento foi motivado por escândalos envolvendo a gestão da TV Gazeta de Alagoas, com denúncias de uso da emissora para recebimento de propina. Fernando Collor foi condenado a oito anos de prisão pelo STF em julho de 2023, o que agravou a situação da afiliada.
Em novembro do mesmo ano, a TV Gazeta entrou na Justiça para tentar impedir o fim do contrato de afiliação. Alegou que a perda da Globo inviabilizaria acordos para pagamento de dívidas em sua recuperação judicial, vigente desde 2019. O TJ-AL deu ganho de causa à Gazeta em decisões preliminares, mas a Globo recorreu ao STJ. Para substituir a afiliada alagoana, o Grupo Asa Branca já fechou acordo e começou a retransmitir o Futura em 2024.