Samara Felippo concedeu uma entrevista ao podcast de Rafinha Bastos, mais que oito minutos e contou sobre como funcionava os bastidores das novelas em que ela atuou. A atriz revelou que algumas amigas que ela conhece perderam oportunidades de trabalho por se recusarem a transar com os diretores de novelas.
“Hoje eu olho para trás e vejo os abusos que eu passei. Machismo, coisas que a gente nunca enxergou na época. Vejo amigas que perderam papéis porque não deram para o diretor. Existiu esse lugar. Existiu o lugar onde eu sentei para pegar um papel e a pessoa falou: ‘Você ia fazer a protagonista, mas você não tem cara de virgem’. Virgem tem cara?”, declarou.
A artista contou que as cenas de assédio se davam desde uma mão na coxa da vítima até convites para conversas privadas. “É um pouquinho esse buraco que a gente vai se enfiando. É uma mão na sua coxa em um jantar, é um ‘vem cá conversar só eu e você’. Era um ‘nossa, como você está bonita hoje!'”, descreveu. “Todo o papel eu tinha que estar dois quilos mais magra e eu sempre fui magra. Já vem a pressão estética para a menina. Eu recusava comer em uma externa uma sobremesa. ‘Sobremesa não… Não posso engordar’. Carreiras acabaram por falar esse tipo de coisa. É uma pressão bizarra em todos os sentido, mas para a mulher principalmente”, relatou.
“[A Globo] é uma máquina de sonhos. Eu gosto muito da vibe de estúdio, novela, elenco, reunião de elenco, receber capítulo e grifar, mas a gente ficava sentada, passiva e esperando alguém te dar um texto para falar. Esperando te darem um papel. Hoje em dia eu olho e penso que eu posso produzir as minhas coisas. A Globo foi uma grande empresa para mim, meu nome é Samara Felippo por causa dela”, afirmou.
A atriz esteve como contratada da Globo de 1997 a 2012. Na emissora carioca ela atuou em novelas como Malhação (1999), Chocolate com Pimenta (2003), América (2005) e O Profeta (2006). Ao se demitir da líder de audiência a atriz foi para a Record e fez seu trabalho mais recente na televisão em Topíssima (2019).