A queda de audiência do SP1 virou motivo de preocupação entre os executivos da Globo. O telejornal da hora do almoço tem perdido público sistematicamente desde a estreia de Alan Severiano, que completará dois meses no comando do noticioso neste sábado (18). Para uma ala da cúpula da emissora, o novo apresentador não foi bem aceito pelos telespectadores da Grande São Paulo e se tornou o principal responsável pelos índices abaixo das expectativas — o jornalístico raramente tem ultrapassado a barreira dos 10 pontos de média, número frequente na era de César Tralli.
Nos bastidores do canal, já há uma discussão sobre maneiras de como montar uma saída honrosa de Severiano no caso da audiência não reagir nos próximos meses. Ele é visto por boa parte dos diretores da empresa como um profissional dedicado e educado, com ampla experiência em assuntos relacionados ao universo da política e da economia. Para a rede, não é interessante queimar um profissional com futuro promissor (o jornalista tem 45 anos) por conta de índices ruins em um formato de difícil adaptação, e que foi comandado durante uma década pela mesma pessoa.
A reportagem do TV Pop apurou que os executivos da Redação de São Paulo estão fazendo mea-culpa diante da rejeição de Alan Severiano no SP1. A sua promoção para o posto de apresentador titular foi uma forma de reconhecer o seu trabalho durante o auge da crise sanitária, em que ele comandou interinamente o SP2 até o retorno de Carlos Tramontina. O telejornal noturno, porém, tem formato mais robótico do que o vespertino. É menos analítico e praticamente não tem espaço para opinião, se resumindo a conteúdos ao vivo e exibição de reportagens pré-gravadas.
A Globo temia que o jornalista, se não efetivado em algum jornalístico, pudesse fazer o mesmo caminho de Márcio Gomes, que aceitou uma proposta da CNN Brasil por não se sentir prestigiado e não ter tido oportunidades de voltar a atuar como apresentador titular após o seu retorno do Japão. Para não perder um rosto conhecido dos telespectadores, a solução foi a sua promoção para o primeiro telejornal em que havia espaço. Como ele já havia apresentado as notícias locais do horário nobre, o pensamento óbvio era de que o público não o rejeitaria na hora do almoço.
Severiano, no entanto, tem sofrido com os telespectadores do SP1. Ele é constantemente criticado pelo público do telejornal nas redes sociais e é visto por boa parte dos telespectadores como uma figura apática, esnobe e pouco conectada com os principais assuntos do telejornal, que tem forte apelo em temas comunitários. Não são poucos os casos de e-mails e mensagens enviadas pedindo para que o canal entregue o comando do jornalístico para Michelle Barros e Fábio Turci, que também já atuavam como substitutos de César Tralli em suas férias e ausências.
Atualizado às 21h05: Em contato posterior com o TV Pop, a Central Globo de Comunicação afirmou que a emissora não cogita tirar Alan Severiano da apresentação do SP1. De acordo com o canal, ele estaria realizando “um excelente trabalho” no comando do telejornal local. A emissora ainda diz que os índices do noticioso permaneceram estáveis, por mais que os dados apontem uma queda na audiência média — e consequentemente no acumulado anual — desde a entrada do repórter. A reportagem mantém todas as informações publicadas. A seguir, confira a íntegra do posicionamento da Globo:
É totalmente improcedente a teoria de que a Globo esteja estudando qualquer troca no comando do SP1. O Alan Severiano vem realizando um excelente trabalho à frente do telejornal, que, ao contrário do que diz a matéria, mantém estável os índices de audiência que já alcançava antes.