A jornalista Cinthya Rocha, da TV Centro América, afiliada da Globo no Mato Grosso, se emocionou ao mostrar a triste realidade de inúmeras famílias brasileiras que não tinham o que comer nas festas de fim de ano. A profissional acabou chorando no momento em que falava das pessoas que formaram uma fila em um açougue pegar os ossos que seriam descartados pelo estabelecimento antes do Natal. “É até emocionante falar, mas as pessoas estão aqui ajudando, é uma sensação muito triste”, relatou a profissional.
A situação foi mostrada no telejornal Bom Dia MT –equivalente ao Bom Dia São Paulo– na semana passada. A reportagem da Globo local mostrou que mulheres com crianças no colo procuravam retalhos de carne e ossos para comer. De acordo com a profissional, a situação tem ocorrido pelo menos três vezes na semana por causa da alta nos preços da carne e dos alimentos básicos, como arroz e feijão.
“O que significa e representa esse ossinho pra sua família?”, perguntou a jornalista a uma das mães que estavam no local. “É muito bom, muito gratificante, eles [donos do açougue] sempre agradando, quando não tem ossinho eles dão sacolão [com frutas e verduras]”, disse a entrevistada, que tem três filhos. “São filas com idosos e mães lutando pela sobrevivência”, disse Cinthya Rocha nas redes sociais.
Em julho, uma reportagem do Fantástico exibiu as cenas de distribuição de ossos no mesmo local, em Cuiabá. Um açougue, que distribui os ossos há dez anos, afirmou que isso acontecia antes apenas uma vez por semana e, agora, são três. “Tem gente que pega e já come cru, ali mesmo”, se emocionou Samara Rodrigues de Oliveira, dona do local. O arroz ficou 56% mais caro e o preço do feijão preto aumentou 71% desde o início da crise sanitária.