O clima pesou nos bastidores do programa de Eliana Michaelichen. Pouco antes da tradicional interrupção anual dos trabalhos para as férias coletivas dos profissionais, parte dos funcionários do SBT envolvidos na parte técnica da atração improvisaram uma greve após uma discussão com Ariel Jacobowitz, que responde pela chefia no dominical há nove anos. De acordo com o Sindicato dos Radialistas de São Paulo, o executivo assediou moralmente os colaboradores nas gravações de 24 de novembro, que só foram retomadas após a intervenção da diretoria da emissora.
“Em 24 de novembro, a equipe do programa da Eliana foi assediada moralmente pelo diretor do programa, forçando os trabalhadores a reagirem. A mesa do switcher foi fechada e só foi reaberta depois que a supervisão foi ao local por exigência dos trabalhadores”, explicou o coletivo, que afirma que as situações de assédio moral são recorrentes nos bastidores. “Isso já vem acontecendo há tempos, sem mudança de postura do RH e da gerência, como de supervisores e gestores que, em consequência, chegamos a direção, que não fez nada até agora”, lamentou o Sindicato.
A reportagem do TV Pop apurou que o histórico de problemas nos bastidores de Eliana não é recente. Nos últimos meses, a situação piorou por conta dos horários de trabalho cada vez mais atípicos: profissionais envolvidos na atração chegam a trabalhar por 14 horas consecutivas, e não raramente davam expediente até o meio da madrugada. A emissora de Silvio Santos, por sua vez, não tem feito o pagamento de horas extras para os colaboradores, tendo adotado o regime de banco de horas — na teoria, a pessoa terá uma folga proporcional ao tempo extra trabalhado.
O excesso de trabalho não está restrito ao programa dominical. As queixas também se multiplicam entre as produções de outros setores, principalmente do telejornalismo, que sofre com escassez de profissionais há vários anos. O Sindicato dos Radialistas, por sua vez, diz estar ciente da situação. “O RH do SBT se perdeu na contagem do banco de horas. Já encaminhamos e-mails aos representantes da empresa denunciando a prática e nenhuma solução foi tomada, sequer responderam. Se nada for feito, denunciaremos no Ministério Público do Trabalho”, afirma o coletivo.
Além do corte das horas extras e dos relatos de assédio moral, os funcionários da emissora de Silvio Santos também tem tido outros problemas nos últimos meses. O canal decidiu encerrar a entrega da Cesta Alimentação que era fornecida aos colaboradores e trocou o benefício por um cartão pré-pago, com recargas mensais de R$ 110,00 — há um desconto proporcional ao salário de cada funcionário. Diversos profissionais tem se queixado que o valor do cartão não serve para comprar nem um terço dos itens que eram fornecidos na Cesta Alimentação.