Os telespectadores do SBT foram surpreendidos desde 1º de janeiro com a exibição de um institucional produzido para desestimular o preconceito com lésbicas, gays, bissexuais, transgênero, queers, intersexuais e assexuais. A campanha, que conta com Patricia Abravanel como o seu principal rosto, está sendo veiculada em quase todos os intervalos da programação do canal em virtude de um processo movido contra a filha de Silvio Santos por conta de comentários homofóbicos em uma edição do Vem Pra Cá de junho de 2021.
Durante o antigo programa matinal, a herdeira do Baú da Felicidade afirmou que os conservadores brasileiros tinham o direito de tratar a população LGBTQIA+ de maneira intolerante, já que supostamente seria difícil falar sobre o assunto para os seus filhos. “Nós, que fomos educados com pais mais conservadores, estamos aprendendo, se (sic) abrindo. Mas acho que também é um direito [ser intolerante]. As pessoas deviam respeitar [a intolerância]. Por que não concordar em discordar? A gente pode ter opiniões diferentes”, pontuou ela, que não parou sua fala por aí.
Na sequência, a apresentadora tratou a causa com desdém e fez pouco caso da união entre pessoas do mesmo sexo. “Se os LGDBTYH, não sei, querem respeito, precisam ser mais compreensivos com aqueles que hoje ainda não entendem direito e estão se abrindo para isso. É difícil educar filhos ao falar sobre isso, sabia?”, concluiu a também titular do Roda a Roda, que sofreu retaliação pública de Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos que é publicamente homossexual.
Os comentários preconceituosos de Patricia Abravanel renderam uma ação judicial movida contra o SBT pelo Governo de São Paulo e pela Secretaria da Justiça estadual por LGBTQIA+fobia. Para evitar o pagamento de uma indenização nos tribunais, a emissora aceitou assinar um Termo de Ajustamento de Conduta, mais conhecido como TAC, se comprometendo a criar uma campanha institucional interna e externa para conscientizar seus funcionários e o público sobre a importância da diversidade entre a população.
Além do vídeo institucional, que deverá continuar em exibição até o final deste mês, o canal de Silvio Santos terá que destinar parte da edição de 29 de janeiro do SBT Brasil para transmitir uma reportagem sobre a importância da inclusão dos transgênero nas políticas públicas e privadas — a data em que o material irá ao ar coincidirá com o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Por fim, a empresa terá que realizar workshops e ações internas com os seus funcionários para a fixação de conceitos sobre a cultura inclusiva.