“CÃODOMBLÉ”

Globo é multada em R$ 88 mil por racismo em programa do Multishow

Imagem com foto do cachorro no programa Sensacionalista
Globo foi condenada por racismo no programa Sensacionalista, do Multishow (foto: Reprodução)

A Justiça de São Paulo condenou a Globo a pagar multa de R$ 88 mil por racismo. De acordo com informações divulgadas pelo UOL Splash, a denúncia por discriminação racial foi motivada por um episódio do humorístico Sensacionalista, exibido na TV por assinatura no Multishow, que associou um cachorro à religião de matriz africana candomblé.

A atração foi exibida originalmente nos dias 26 e 28 de outubro de 2013. No programa, o animal apareceu com vestimentas brancas e era tratado pela sua tutora e pela comunidade local como um animal especial, já que ele “recebe entidades”, “prevê o futuro” e “joga búzios”. O cachorro foi denominado como “cãodomblé”.

Ainda segundo a publicação, a denúncia foi feita pela Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena (CPPNI) à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. A multa foi estabelecida ainda em 2013, mas a Globo recorreu da decisão. Em outubro de 2021, a líder de audiência conseguiu decisão favorável na primeira instância. No entanto, o Estado de São Paulo recorreu ao TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que autorizou a cobrança da multa.

“Conclui-se que discriminação, no caso em tela, é deliberada e dirigida especificamente à identidade de um grupo étnico minoritário (candomblecistas), o que configura ato ilícito de prática discriminatória e preconceituosa de raça e de cor, com as consequências administrativas que o acompanham”, disse a desembargadora Maria Fernanda De Toledo Rodovalho em trecho da decisão. A Globo não comentou o assunto.

Ex-apresentadora do Globo Esporte processa emissora por assédio

Ex-apresentadora do Globo Esporte em Minas Gerais, Carina Pereira entrou com um processo contra a emissora na Justiça Trabalhista e pede indenização de mais de meio milhão de reais. Em janeiro de 2021, logo após deixar a líder de audiência, a jornalista fez um desabafo nas redes sociais em que revelou ter sofrido assédio moral por parte de seu chefe. De acordo com informações reveladas por Sandro Nascimento e Jéssica Alexandrino, do site NaTelinha, a profissional também cobra a Globo por acúmulo de funções, horas extras, adicional noturno, feriados, abono e participação nos lucros.

A jornalista alega que nos quase oito anos que foi funcionária da Globo desempenhou funções de redatora, repórter, setorista e apresentadora. Ela pede na ação a emissora seja condenada a remunerá-la pelo exercício de todos esses cargos. No caso da jornada de trabalho, a ex-apresentadora do Globo Esporte reclama que em seu contrato constava que ela não deveria exceder o limite máximo de horas semanais previsto em lei. No entanto, a jornalista afirma que os expedientes sempre se estenderam além do horário previsto e que ela nunca recebeu por isso, já que cumpria ordens de seus superiores.

De acordo com os autos processuais, Carina Pereira chegou a trabalhar das 7 às 16h, de segunda a sexta-feira, enquanto era titular do noticioso esportivo. Aos sábados, os horários variavam. Ainda segundo a publicação, a apresentadora destaca que não usufruía do intervalo intrajornada e nem dos 15 minutos de descanso diários aos quais tinha direito por lei. No caso da reclamação sobre o adicional noturno, se refere ao período em que ela esteve à frente do Bom Dia Minas, quando começava o expediente ainda de madrugada. Além disso, antes de ser efetivada como apresentadora, os feriados eram considerados como dias de trabalho. Mas, segundo a defesa, as folgas compensatórias não eram concedidas pela Globo de Minas Gerais. Além do pagamento dos dias trabalhados, ela também pede o pagamento de abono e a participação nos lucros e resultados da empresa.

Nos últimos dois anos de trabalho na Globo, Carina afirma que sofreu assédio por parte de colegas e de um superior. A ex-titular do Globo Esporte relata que ouvia piadas de cunho machista e sexista e também era constantemente censurada. “No decorrer do contrato de trabalho, mais especificamente, nos dois últimos anos a obreira sofria pressões de variadas formas (piadas, assédio (cunho machista e sexista), além de ser alijada das suas funções, com diminuição de matérias, troca de programa, sendo constantemente, censurada, abordada e advertida por seus superiores. No início eram piadinhas maldosas de cunho machista e sexista dos seus pares, após passou a ser do seu superior. As atitudes na ocasião eram, nitidamente, machistas colocou a figura feminina numa posição em que a beleza física é supervalorizada em detrimento dos atributos intelectuais”, diz trecho da a petição divulgada pelo NaTelinha.

“Todos esses acontecimentos revelam o tratamento desumano, depreciativo, constrangedor, jocoso, discriminativo e humilhando sofrido pela empregada, no exercício de sua atividade profissional, em evidente atitude excessiva e abusiva por parte do empregador”, continuou o texto. “’Ah, a Carina consegue essa exclusiva porque ela é mulher’, ‘Carina tem o que você não tem, oferece o que você não oferece’. ‘Se fosse eu, essa reunião não teria durado cinco minutos. Mas, mulher, né. Ser mulher é bom demais, ser mulher é fácil demais. Com você, a reunião durou meia-hora’.”, exemplifica o documento, que atribui as falas a um dos superiores de Carina na Globo Minas na época. O processo também destaca que ela denunciou o fato ao departamento de recursos humanos da Globo, mas que não obteve sucesso.

Após as denúncias, Carina relata que teve seu horário de trabalho modificado e o clima no ambiente de trabalho teria piorado. “O que ele fazia comigo, ele fazia com outros colegas. A gente resolveu denunciar. Primeiro, a gente foi no RH. Não resolveu muito. Depois a gente fez uma denúncia na ouvidoria da empresa. Fui mudada de horário, de função. Para mim, as coisas pioraram. Eu era a única mulher dessa galera que denunciou e sinto que fui a única prejudicada. Aquilo me entristecia. Aquilo ficava na minha cabeça. Por que para mim as coisas eram mais difíceis?”. A Globo não comenta casos sub judice.

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